“Ladrões” (2025), dirigido por Darren Aronofsky e estrelado por Austin Butler, Zoë Kravitz e Matt Smith, é um suspense criminal de 107 minutos produzido pela Sony Pictures e disponível no Amazon Prime Video. O longa adapta o romance de Charlie Huston, transformando um enredo simples em uma trama de caos urbano e ironia. Hank Thompson, ex-jogador de beisebol e atual barman, vê a vida desandar quando aceita cuidar do gato do vizinho. O gesto banal torna-se o estopim de uma espiral de violência, corrupção e azar, onde mafiosos, trapaceiros e policiais desonestos o empurram ao limite entre o ridículo e o trágico.
Aronofsky, conhecido pelos mergulhos intensos na psicologia humana, como em Cisne Negro e A Baleia, aqui troca o peso do drama existencial pelo humor sombrio e uma estética pop mais leve, quase farsesca. “Ladrões” reflete o olhar de um diretor brincando com o absurdo, mas sem abandonar sua obsessão por personagens à beira do colapso. Hank, com sua raiva contida e torpeza moral, representa o homem comum tragado por engrenagens que ele nem entende. Entre o caos das ruas e o beisebol que já não joga, vive um retrato do cidadão contemporâneo: cansado, deslocado e um tanto cínico.
A Nova York de 1998, recriada com precisão e sujeira, torna-se mais que cenário — é o espelho de um mundo que tenta esconder o colapso sob luzes e vitrines. O gato, símbolo improvável de destino e ruína, soa como o “pecado original” do roteiro: uma gentileza que custa caro, lembrando-nos de como o acaso governa a vida urbana. Entre explosões, perseguições e humor ácido, o filme convida o público a rir do desastre — o que talvez seja a forma mais madura de olhar o próprio caos.
Não é o Aronofsky mais profundo, mas é o mais espirituoso. “Ladrões” arranca gargalhadas nervosas de quem reconhece que controlar o destino é apenas outra ilusão vendida nas esquinas do capitalismo. Ao fim, o que o diretor rouba de nós é a sensação de estabilidade — e o que resta é a vertigem.
Nota: 8,0/10

