Em um passado recente, elas estavam apenas nos dormitórios para organizar os sapatos limpos. Mas depois da pandemia, ganharam uma nova função e lugar nas casas brasileiras: acomodar os calçados sujos no hall de entrada
A peça tem história e é datada de muito tempo atrás, quando arqueólogos encontraram as primeiras formas de sapateiras utilizadas por antigas civilizações. Na cultura asiática, a China já executava peças de madeira entalhadas e, no Japão, eram feitas de bambu. Nos contornos de décadas passadas, o móvel foi designado para guardar os sapatos limpos, uma vez que o vão embaixo da cama já não era suficiente, e assim foi ganhando soluções inteligentes de marcenaria e espaços em closets. “Para muitas pessoas, o sapato é muito mais que uma proteção para os pés, mas sim uma peça que complementa e ajuda a transmitir a mensagem a ser passada através do look. Sem contar que é um item de coleção“, avalia a arquiteta Cristiane Schiavoni, responsável por seu escritório.
E nessa evolução, recentemente os brasileiros incorporaram um comportamento semelhante à cultura asiática, deixando os sapatos sujos no hall ou logo na entrada de casa. Com os medos enfrentados na pandemia, o cuidado é o mesmo: não trazer sujeiras e bactérias para dentro de casa. “Esse costume é enraizado entre os japoneses e coreanos e muitos de nós já perceberam com a febre dos doramas. Quando os personagens chegam em casa, rapidamente tiram o calçado e usam um chinelinho“, explica a profissional. “E para não deixar uma bagunça no nível rebaixado existente na entrada do imóvel, os guardam na sapateira instalada no local”, complementa.
Confira as boas ideias realizadas pela arquiteta Cristiane Schiavoni:
Sapateiras nos dormitórios:
1 – Na lateral da cama
Projeto Cristiane Schiavoni Arquitetura | Fotos: Luis Gomes |
De acordo com Cristiane, um cantinho pode se tornar a resposta para o local da sapateira. Nesse dormitório de casal, ela aproveitou a lateral da cama para realizar a marcenaria de uma sapateira com apenas 29 cm de largura – considerando a peça finalizada. No interior, as prateleiras tanto podem ficar retas ou inclinadas para comportar os calçados maiores. “Gosto de quebrar padrões e considero que não há a necessidade de produzir um móvel com 60 cm, como acontece dentro dos armários. E com essa medida, tudo ficou perfeitamente ajustado“, delibera.
2 – Em um cantinho do closet |
Projeto Cristiane Schiavoni Arquitetura | Fotos: Fabio Severo |
No closet individual para o casal, as extremidades do dormitório possibilitaram que arquiteta também pudesse oferecer uma sapateira para cada um. Os acessos são discretos e, de um lado, a porta do marido foi revestida por um espelho e é aberta por um puxador. Do outro, o revestimento da marcenaria camufla o acionamento fecho toque. “Eu gosto dessa proposta de deixar os calçados longe das roupas, pois a depender das condições, é possível que ocorra uma interferência causada pelos odores“, avalia Cristiane.
3 – Compondo o painel da TV |
Projeto Cristiane Schiavoni Arquitetura | Fotos: à esquerda – Luis Gomes | à direita: Carlos Piratininga |
Em ambos os projetos, a arquiteta Cristiane Schiavoni explorou a parede do dormitório onde incluiu também o painel de TV. Na distribuição interna, a inclinação das prateleiras contribui para o ajuste perfeito de todos os calçados.
Sapateiras na entrada:
Quando o assunto é sapateira na entrada do imóvel, a localização também pode variar. “Já executei móveis tanto no hall de entrada, como também na área do elevador“, recorda-se a arquiteta.
Projeto Cristiane Schiavoni Arquitetura | Fotos: Divulgação |
No projeto de reforma desse apartamento, a lateral dessa marcenaria não atende apenas o hall de entrada, mas sim acompanha a estrutura de um home office idealizado pela profissional. Ela criou um móvel com prateleiras para os objetos decorativos e, na parte inferior, os pequenos armários aéreos acomodam calçados e bolsas. “Para deixar esse movimento mais confortável, o pufe é facilmente acessado no vão existente até o piso“, diz a arquiteta.
Projeto Cristiane Schiavoni Arquitetura | Fotos: Carlos Piratininga |
Nesse apartamento, a sapateira é encontrada logo após a saída do elevador. Para tanto, a arquiteta criou uma espécie de ‘caixa suspensa’ com um banco ao lado.
Atenção às medidas indicadas pela arquiteta
De maneira geral, sapatilhas, rasteirinhas e chinelos se acomodam de forma ideal em prateleiras com 10 cm de altura, enquanto pares de tênis, sapatos sociais e de salto encontram melhor ajuste em um espaço mínimo de 15 cm. Quanto às botas, a recomendação ideal é um vão de 35 a 45 cm para receber a altura média do calçado. Com relação à profundidade, 40 cm é a medida de referência. “Mas sempre gostos de destacar que a dimensão varia de acordo com o acervo do morador”, analisa. Por fim, para otimizar o espaço em ambientes compactos, a arquiteta recomenda o uso de sapateiras tipo gaveteiros, já que esses móveis adicionam um toque sofisticado e moderno.
Sobre a arquiteta Cristiane Schiavoni
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), Cristiane Schiavoni atua na área de arquitetura, decoração e reforma desde 1996 e hoje, o escritório que leva seu nome, tem mais de 20 anos de história, reunindo centenas de projetos dentro e fora do Estado de São Paulo. Em suas criações residenciais e comerciais, publicadas em importantes veículos brasileiros, elementos-surpresa e toques de cor se misturam aos recursos que garantem o conforto e o aconchego dos moradores.
Acabamentos aplicados de maneira incomum e materiais versáteis também são presenças constantes nos trabalhos de Cristiane Schiavoni. O resultado se reflete na concepção de ambientes modernos, humanizados e dinâmicos, que convidam ao bem-estar e, principalmente, traduzem a essência de cada cliente.
Autora:
Karina Monteiro