Predador: Assassino de Assassinos é um espetáculo de guerra, sangue e mitologia onde a violência é entalhada em beleza plástica, uma tapeçaria de aço, segurança e plasma animado. Três almas cortadas do tempo, a viking Ursa, o samurai Kenji, o piloto Torres, são arrancados de suas eras como relíquias de carne e jogados numa arena específica, paramos diante de juízes impiedosos num coliseu de planetas.
O filme entende a força do mito: cada golpe é um eco ancestral, cada confronto, uma elegia pulsante como trovão. Na animação, luz e sombra dançam num balé mortífero, ora névoa silenciosa do Japão feudal, ora aurora nórdica lambida pelo sangue, ora explosões da II Guerra iluminando o rosto de um homem que só quer voltar para casa. Mas guerreiro nenhum retorna, só avança: pois o ciclo da caça, engrenagem sádica dos Yautja, é a lei suprema desse universo. “Predador” veste aqui sua coroa como lenda: o Grendel King, figura totem e pesadelo, revela trajetórias, códigos obscuros, uma aristocracia da brutalidade onde até monstros temem o olhar de cima. Ursa, presa entre a glória e o gelo, termina eternizada como estátua, mártir de si e troféu dos deuses imundos.
Kenji e Torres correm entre destroços lembranças, sombras rasgadas por espetáculos de dano e energia. E é justamente na estilização, sem excesso, que reside a poesia do filme – onde outros veriam só a matança, “Assassino de Assassinos” faz do abate um ritual, do choque um quadro digno de museu envolvido. A cada novo combate, sentimos o tempo congelar, esticar, destruir em fragmentos.
Não é apenas entretenimento, mas meditação sombria sobre o poder, o tempo e a futilidade heroica: que somos, senão presas no tabuleiro invisível de alguém mais forte, consumidos entre o aplauso e o esquecimento digital?
A experiência é ao mesmo tempo violenta e pulsante, heroica e melancólica. Disponível no Disney+, lançamento de 2025, o filme é alegria para os olhos amantes do grotesco sofisticado e chama a reflexão sobre os próprios demônios.
Nota: 8,5/10

