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terça-feira, 28 de outubro de 2025

Cinema: “Missão Impossível – Efeito Fallout”: o abismo iluminado do entretenimento

Continuando nossa série de matérias sobre a franquia “Missão Impossível”, posso dizer que há algo de visceral, frenético e quase desesperado no universo de Missão Impossível – Efeito Fallout, lançado em 2018, que já anuncia sua natureza logo nos primeiros minutos: Ethan Hunt (Tom Cruise), outra vez amaldiçoado pelos fantasmas das missões antigas e escolhas tortuosas, se joga sobre o abismo, tanto literal quanto existencial, numa corrida desenfreada para impedir apocalipses e sabotagens globais. Nesta sexta jornada, dirigida por Christopher McQuarrie, a alma da franquia permanece intacta — mas ganha contornos grandiosos em cada cena, balanço narrativo e coreografia de explosões e perseguições.

O filme vale-se do melhor que o gênero ação pode oferecer ao público brasileiro ávido por entretenimento: um roteiro intrincado, que mistura espionagem, traição, duplas reviravoltas e uma cacofonia de egos entre agências rivais. Tom Cruise, como de costume, dispensa dublês e desafia a própria anatomia, saltando entre prédios e pilotando helicópteros como quem tenta fugir da própria mortalidade. Henry Cavill, o “Super-Homem” do elenco, surge como o agente da CIA August Walker, impondo presença e rivalidade genuína dentro do caos orquestrado por vilões em busca de plutônio. Rebecca Ferguson, Angela Bassett e Simon Pegg compõem o tempo em que o cansaço e a má consciência convivem com a necessidade de salvar o mundo – de novo.

O filme está disponível em plataformas como Globoplay, Paramount+ e Prime Video, tornando o acesso à insanidade e à genialidade do roteiro uma missão bem menos impossível para o público brasileiro, especialmente em 2025. A experiência ganha intensidade nas cenas de ação, explosões e perseguições, embaladas por uma trilha sonora que amplifica o ritmo cardíaco e uma fotografia que transita entre o monumental e o íntimo, sem perder a sofisticação.

Refletir sobre Fallout é abrir espaço para perguntas sobre lealdade, paranóia institucional e o eterno dilema dos heróis condenados a sacrificar tudo e todos. Ethan Hunt, com sua teimosia quase irritante em nunca abandonar um amigo — ou o mundo —, nos lembra da paranóia pública e burocrática, de como as estruturas de poder podem ser tanto ferramentas de salvação quanto prisões turvas. O roteiro consegue aliar o jogo de gato e rato com discussão sobre responsabilidade, confiança e riscos absurdos em uma sociedade intoxicada por interesses próprios. É entretenimento que, de fato, desafia a rotina insossa do cotidiano brasileiro, oferecendo fuga, catarse e espetáculo sem pedir licença à lógica.

Para quem busca ação, filosofia de balcão e adrenalina sem moderação — Missão Impossível – Efeito Fallout é o abismo iluminado pelo qual vale a pena se lançar. Nota: 10.

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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