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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Pensar Demais é um Ato Subversivo?

Existem aqueles que despertam todas as manhãs com uma missão nobre: debilitar não só universidades, mas tudo que represente ciência e conhecimento. Não porque falhem, mas porque cumprem o papel essencial de cultivar reflexão, dúvida e o saudável desconforto do pensamento autônomo. Para certos setores politicamente intolerantes, altamente incomodados com o pensamento livre, isso é o mesmo que acender uma tocha no palácio da insipidez e do conformismo.

No Brasil, o roteiro é tão manjado que parece um espetáculo repetido: atemorizar professores, espalhar histórias mirabolantes sobre “programação mental” e demonizar a ciência e a cultura como se fossem inimigas públicas. No exterior, o cenário segue a mesma peça. Harvard, essa fortaleza erudita, virou alvo de políticos que consideram quase criminoso formar críticos que não seguem o guião autoritário. Sob Trump vimos perseguições e tentativas óbvias de moldar uma narrativa amansada e conveniente.

Essa guerra contra o conhecimento não é só política. Muitos rejeitam verdades não por ignorância, mas por comodidade intelectual e apego confortável às próprias convicções, mesmo que isso exija ignorar a realidade. A dissonância cognitiva, tema brilhantemente trabalhado por Elliot Aronson, funciona como escudo contra o desconforto do autoquestionamento. Negar fatos requer muito menos esforço do que admitir que estava errado.

A farsa teatral é tão poética quanto cruel: clamam por liberdade de expressão, desde que seja um coro uníssono ecoando suas verdades ensaiadas. Pensar diferente vira ameaça e vira motivo para caça às bruxas. O verdadeiro “ato quase criminoso” do conhecimento é simplesmente ensinar a escapar do encanto ingênuo.

Para esses setores, acalmar com suavidade autoritária o conhecimento é o método mais elegante para manter a ordem do pensamento único. Pregam liberdade, desde que sua voz seja a única que alguém possa ouvir. A ignorância confortável se disfarça em tom pomposo de defesa.

Defender ciência, cultura e educação não é apenas proteger instituições, é salvaguardar nossa liberdade.

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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