21.1 C
São Paulo
segunda-feira, 22 de abril de 2024

Don’t kill me now

Hoje vou fugir um pouco das minhas crônicas habituais. Hoje vou falar de uma artista fenomenal, que está se lançando de corpo e alma no mundo musical. Rosto bonito, voz impecável, composições excepcionais. De quem estou falando? De uma artista de meu Universo Particular. Sim, eu sei que não falo muito sobre isso, pois não acho que seja algo relevante… mas eu sou uma crossdresser… uma transgênero, na verdade.  E essa artista de quem estou falando também é uma cross…

Vamos esclarecer uma coisa… ser cross é parte de nossa gênese. Não é nosso desejo nos transformar naquilo “que não somos”. Não… uma cross (no meu caso, uma trans) é uma mulher que por motivos não explicados pela ciência nasceu no corpo de um homem. Ou um homem que nasceu no corpo de uma mulher…

Porque estou falando disso? Bem, essa artista da qual estou falando tem, como eu já disse, um talento excepcional. E está preparando um disco, a ser lançado em meados deste ano. Até aí, tudo bem. Mas… bem, a nova canção que ela prepara tem como título “Don’t kill me now”… e foi aí que me acendeu a ideia de escrever sobre ela…

Talvez você se pergunte… “mas por que”? Simples… já explico. Uma pessoa trans… ou cross… passa por vários momentos em sua vida onde as dúvidas que a assaltam fazem com que ela acabe negando sua própria identidade. Porque? Simples… a sociedade tem suas regras e não é nada gentil com quem as quebra. E os indivíduos que não se enquadram nos cânones da sociedade são colocados à margem de tal forma que, se não se negarem como pessoas, não conseguem se posicionar no grupo…

Não é raro uma cross jogar fora todo o seu vestuário… roupas, sapatos, perucas… por medo de ser descoberta pelos seus pares… parentes, amigos… o medo da exclusão de seu grupo social faz com que essas pessoas se neguem, tentando aniquilar aquilo que está em seu âmago… a sua  essência…

E, acredite… não há nada mais doloroso do que viver sempre com medo de ser julgada por, simplesmente, ser quem você é… você não tem o sagrado direito de florescer enquanto pessoa, pois você é diferente… triste, isso, não é mesmo?

Quantas vezes não sufocamos nosso “eu”, para que possamos nos enquadrar naquilo que a sociedade espera de nós? Quantas e quantas vezes não tentamos matar esse sentimento em nossa alma? Posso afirmar, com toda certeza, que não são poucas. E em todas elas, nossa alma grita para nossa razão…”Por favor, não me mate agora… deixe-me viver!”…

A artista da qual estou falando é a Micaela Weibisch… oriunda de Buenos Aires, Argentina, atualmente radicada em Viena… cantora, compositora e pianista… com um talento realmente excepcional. Micaela, te desejo todo sucesso do mundo… você realmente merece….

(Quem quiser conhecer o trabalho da Micaela, ela está no Youtube, “MicaelaMusic”

Tania Miranda
Tania Miranda
Trabalho na Secretaria de Estado de Educação do Estado de São Paulo e minha função é "Agente de Organização Escolar", embora no momento esteja emprestada para o TRE-SP, onde exerço a função de "Auxiliar Cartorário". Adoro escrever, e no momento (maio de 2023) estou publicando meu primeiro livro pela Editora Versiprosa...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Reflexões

Brincar de “Poliana”

A batalha da vida

Quem somos nós?

Patrocínio