O dia ainda tem a luz do sol.
Sentado na areia que demarca os limites do misterioso mar,
observo ondas revoltas que lutam com vigor contra os rochedos.
Aprendo e sinto com elas a energia desse encontro.
Fecho os olhos e ouço suas vozes num grito de guerra.
Misturado com os sons divinos das gaivotas.
Abro-me para a vida e vejo um horizonte de cores suaves.
Predominância do branco e do azul.
Há nuances de amarelo e verde.
O vermelho está escondido.
Tudo em paz, como antes dos barcos e dos veleiros.
Tudo igual ao início, onde só existia natureza.
Sábia e ardilosa aplacando a fome com sentenças de morte.
O fraco alimentando o forte.
Os inimigos são invisíveis, a luta é silenciosa e misteriosa.
Deixo meu coração assimilar todos os ruídos.
De olhos fechados relembro o relevo e a paisagem.
Por instantes consigo ser água e onda.
Depois viro rochedo e fico quieto.
Meu sangue fica mais quente.
Na mesma temperatura que a brisa que beija meu rosto.