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terça-feira, 23 de abril de 2024

Laffer: A Curva Que o Lula Não Viu

O governo Lula aumentou os impostos esperando ver os cofres públicos se rechearem. No entanto, paradoxalmente, a arrecadação diminuiu. Em julho, o valor arrecadado pela Receita diminuiu 4,20% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Como pode isso ter acontecido? A resposta está em um esboço feito em um guardanapo de bar nos anos 70: a Curva de Laffer.

Elaborada pelo economista Arthur Laffer na década de 1970, essa curva ilustra a delicada relação entre o nível de impostos e a arrecadação do governo. Ela sugere que, após um certo ponto, o aumento dos impostos pode resultar em uma arrecadação menor.

A origem desse conceito se deu durante um jantar, no qual Laffer esboçou sua teoria em um guardanapo para explicar aos assessores do Presidente Gerald Ford os riscos do aumento tributário. Naquela época, os EUA enfrentavam desafios econômicos e o debate sobre a redução de impostos estava em alta.

Imagine uma pequena cidade com uma feira em seu centro. O prefeito, querendo financiar melhorias, estabelece um imposto sobre cada venda. No começo, com uma taxa mínima, a cidade prospera. No entanto, à medida que a taxa aumenta, os comerciantes se perguntam: “Vale a pena continuar?”. Quando o imposto se torna insuportável, a feira perde sua vitalidade. Essa analogia exemplifica a essência da Curva de Laffer: há um ponto ótimo de tributação no qual o governo maximiza sua receita sem prejudicar a atividade econômica.

A lógica desse conceito tem raízes na natureza humana e nas dinâmicas do mercado. Quando a tributação é leve, as pessoas se sentem motivadas a trabalhar e investir. No entanto, com impostos elevados que afetam o bolso de todos, essa motivação diminui, podendo resultar em evasão fiscal.

Mas por que isso acontece? Simples. Impostos têm consequências e essas consequências possuem dois aspectos: o aritmético e o econômico. Enquanto o primeiro se refere à matemática pura dos números arrecadados, o segundo considera as reações e decisões de indivíduos e empresários. Uma tributação excessiva pode desencorajar a inovação e o crescimento.

Laffer, há mais de meio século, nos ensinou que os governos devem controlar seu apetite voraz por impostos para não sufocar a economia e desencadear o efeito inverso. Mesmo assim, os políticos brasileiros não parecem ter aprendido a lição, como evidenciado pelo triste retorno do imposto sindical. Diante da dura realidade tributária que enfrentamos, ecoa um princípio cristalino: quanto menos impostos, melhor.

Leonardo Chagas
Leonardo Chagas
Leonardo Chagas, bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é presidente do Instituto Atlantos, think tank brasileiro que promove o liberalismo e o livre mercado. Atua no mercado financeiro como consultor de investimentos na Musa Capital, com experiências em escritórios de investimentos e family office. Em 2019, foi reconhecido como Top Global Leader pelo Students for Liberty.

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