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domingo, 21 de abril de 2024

As medalhas do Senhor Gentil

O ano era 1996, nós éramos adolescentes e estávamos passando as férias escolares de julho na praia. Era ano de Olimpíadas e dessa vez seria nos Estados Unidos: Jogos Olímpicos de Atlanta. A gente adorava as Olimpíadas, assistíamos todas as disputas de todas as modalidades.

No primeiro dia em que fomos à praia, ao comprar picolés, descobrimos que a Kibon estava realizando uma promoção na qual a gente poderia ganhar réplicas colecionáveis das medalhas olímpicas. Não lembro se o palito vinha premiado ou se tínhamos que juntar alguns palitos e pagar mais uma quantia em dinheiro, só lembro que em 3 dias a gente já tinha tudo o que precisava para trocar por 2 coleções completas.

Um dos vendedores de picolés nos disse que o único posto de troca era uma confeitaria no centro da cidade. Lá fomos nós. Ao chegar, perguntamos aos atendentes qual deles era responsável pelas trocas, nos disseram que só o dono da confeitaria, o Senhor Gentil, fazia as trocas, mas ele não estava no momento, era melhor voltar no dia seguinte.

Foi então que começamos uma caçada épica ao Senhor Gentil. Sei que já faz muito tempo que é difícil achar uma pessoa gentil por aí, mas o Senhor Gentil era mais difícil ainda. Todo santo dia nós voltávamos na bendita confeitaria, perguntávamos pelo bendito Senhor Gentil e ouvíamos a mesma bendita resposta: “- Hoje ele não está, é melhor vocês voltarem amanhã”.

Agosto já estava chegando e, junto com ele, o fim da quinzena e das férias, mas a gente não desistiu e, finalmente, no décimo dia, ao chegarmos na porta da confeitaria, antes de entrarmos ou falarmos alguma coisa, uma das atendentes já foi chegando perto da gente e falando toda animada e sorridente: “- Hoje ele tá! Hoje ele tá! Podem subir que ele tá no escritório lá em cima!”.

O Senhor Gentil tinha um quê de Papai Noel: era gordinho, simpático e tinha os cabelos bem branquinhos, só faltava a barba e a roupa vermelha. Atendeu a gente muito rapidamente, nos entregou as medalhas, pediu desculpas pela sua ausência nos últimos dias e se despediu com tanta gentileza que fez jus ao seu nome. Agradecemos, descemos, nos despedimos de todo mundo e voltamos para o apartamento onde estávamos hospedados.

Ao final das férias, voltamos para casa, para a nossa cidade, como se fôssemos atletas voltando das Olimpíadas, com as nossas medalhas, conquistadas, merecidas, assim como as deles.

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