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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Angu à Baiana

Bati na porta:

– Tá aberto! Pode entrar.

Entrei.

A porta do banheiro meio aberta e a cabeça na altura da fechadura:

– Vou só terminar aqui e já vou! Quer alguma coisa?

– Tô com sede.

– Pode pegar a água na geladeira, se não tiver copo limpo, você pode pegar um na pia e passar uma água. Sem cerimônia, você é de casa!

– Beleza!

Abri a geladeira.

Uma garrafa de Coca toda amassada, ainda com o rótulo, com marcas de dedos brancas. Peguei pela tampa, que era de guaraná.

Dentro da pia havia uma meia dúzia de copos, todos com um resto de alguma bebida misturado com água. Peguei um, entornei seu conteúdo na pia e já ia pegando a Scotch Brite para lavá-lo, quando vi que ela estava coberta por grãos de arroz, caroços de feijão e um fiapo de couve. Perdi a sede.

Enquanto me virava para retornar para a sala, me deparei com uma escada que levava para o segundo andar. Em um dos degraus havia uma panela cheia de água com um resto de angu desgrudando do fundo.

Fomos para um bar, pedimos uma cerveja e, enquanto conversávamos, eu olhava para aquela cara e só conseguia enxergar o angu desgrudando do fundo da panela.

Na parede, uma placa que dizia:

“Caldo do dia

Angu à Baiana”

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