Tem se desenvolvido um movimento de “reivindicação nacional sobre a filosofia”, mediante alegação de que a filosofia surgiu no continente africano e não no europeu. Fato é, que embora os filósofos gregos tenham “bebido em fontes de certo modo africanas”, como o antigo Egíto, por exemplo, não se pode dizer que tenham “roubado a filosofia”. Há exagero na expressão “filosofia roubada”, que alguns autores africanos tem utilizado. Aliás, uma postura própria de um autentico filósofo é, exatamente, o diálogo, a humildade para ouvir aquilo que outras pessoas, de qualquer cultura, tem a dizer.
Pitágoras, Aristóteles, Platão e tantos outros, viajaram ao Egíto, para _como se deixou registrado_ “aprender com os sábios do Egíto”. De certo que, em tempos modernos, buscou-se uma imbecíl “hegemonia branca”, ocultando dados para fazer acreditar que a filosofia nasceu na Grécia, visto que da Grécia a civilização ocidental aprendeu de modo mais direto. Noentanto, mesmo que a filosofia tivésse nascido na Grécia, isso não significaria a filosofia ser europeia, pois a Grécia não fazia parte do que hoje é o continente europeu. A Grécia, originalmente, ficava em uma diviza continental. Convém, inclusíve, salientar que o filósofo Tales, considerado por Aristóteles como o primeiro filósofo grego, nasceu em Mileto, aproximadamente no ano 625 a. C., e que a chamada Grécia antiga não era unificada em um território nacional, mas composta por várias cidades independentes; era um extenso território entre a Península Itálica, a Turquia e o norte da África. Mileto fazia parte de tal “conglomerado de cidades”.
Tales, por ter sido, além de filósofo, um importante comerciante, viajou pelo Oriente Médio e conheceu o Egito e a região da Babilônia, atual Iraque. O referido filósofo conheceu a astronomia babilônica, oriunda de povos sumérios, e a matemática egípcia, que possibilitou à população do Egito uma engenharia capaz de construir as pirâmides que tanto deixam-nos maravilhados. A matemática, principalmente a geometria, não era cultivada de modo sistemático pelos egípcios. Uma das maiores contribuições de Tales foi transformar aquele conhecimento prático em uma genuína ciência, capaz de se desenvolver, evoluir-se na aplicação dos números e formas, proporcionalidade. Tal feito levou o referido filósofo a desenvolver o ainda atual teorema de Tales, que permite o cálculo da altura de uma pirâmide tomando por base o comprimento das retas paralelas e a disposição angular das retas transversais da figura geométrica espacial. Com base nos relatos de Heródoto, especula-se que Tales tenha previsto o dia e a hora exatos de um eclipse total do Sol, utilizando apenas conhecimentos de astronomia e cálculos fundamentados na posição da Lua e da Terra em relação ao referido astro. Esse feito deve ter acontecido por volta do ano 585 a.C., o que se considera ser o período de maturidade intelectual de Tales. Nessa mesma epoca o filósofo formulou a sua teoria cosmológica, dando _segundo estudiosos_ origem à filosofia propriamente dita. Noentanto, é importante frizar que não se pode dizer que a filosofia nasceu “lá” ou “cá”, visto ser um fenômeno humano: nasceu “no” e “mediante” o homem, na sua relação com o meio, em diversos cantos do mundo em tempos remótos. O que se pode, porém, com segurança afirmar, é que os antigos gregos foram os que potencializaram o pensamento filosófico, mais do que qualquer outro povo; levou-o a um patamar nunca antes alcançado. Ao contrário do que se diz, não existe isso de “filosifia grega”, “filosofia africana”…, mas, simplesmente, “filosofia”, que se faz em todos os cantos do mundo, fixando-se mais “neste” ou “naquele” aspecto geológico, para atender a “esta” ou “àquela” necessidade, mediante a mais depurada reflexão. Outro ponto importante a salientar é que, ao dizer “filosofia”, não se deve entender por “filosofia acadêmica”, isto é, a que se aprende em Instituições de Ensino Superior. Tal “filosofia é, tão-somente, um “apanhado geral da história do pensamento filosófico”, predominantemente grego, por ser um pensamento mais sistematizado e racional, visto que, o pensamento filosófico de outros povos tinha um forte viés místico-religioso, como na Índia, por exemplo. A discurssão sobre o tema é polêmico… Mas espero ter, com essa minha abordagem nada ortodoxa, contribuído para um melhor entendimento sobre o tema, porque, quando o assunto é filosofia, não cabe ortodoxia; a imparcialidade é a “pedra fundamental”. Filosofia genuína não se faz em Universidades _não que o ensino de Filosofia em Universidades não seja útil_ e sim na vida!
“A Coruja de Minerva não é animal doméstico… Ela voa livre!”.
Autor:
Cesar Tólmi – Filósofo, psicanalista, jornalista, pós-graduando em Neurociência Clínica e MBA em Recursos Humanos, Coaching e Mentoring, artista plástico autodidata, escritor e idealizador da Neuropsiquiatria Analítica integrada aos campos clínico, forense, jurídico e social.
E-mail: cesartolmi.contato@gmail.com