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domingo, 28 de abril de 2024

Saiba tudo sobre a Espiral do Conhecimento de Nonaka e Takeuchi

A Espiral do Conhecimento ou SECI pode otimizar a transferência do conhecimento entre os colaboradores e assim impulsionar a inovação e o crescimento do seu negócio.

A razão para isso é que, através deste modelo de gestão do conhecimento, é possível transmitir os aprendizados adquiridos através das experiências dos funcionários mais antigos para os mais novos de uma forma sistematizada.

Continue a leitura de saiba os motivos para estudar a Espiral do Conhecimento, quais são as suas etapas e como proporcionar uma cultura de aprendizagem no seu negócio.

Por que aprender sobre a Espiral do Conhecimento?

A chegada de um novo colaborador dentro da empresa é sempre um desafio, é natural que ele leve um tempo para se familiarizar com a equipe, com os processos e com as novas funções, mas se você utilizar a Espiral do Conhecimento é possível facilitar esse momento.

Isto acontece porque esse modelo detalha todo o processo de criação do conhecimento nas organizações de uma maneira cíclica,  para que seja mais fácil disseminá-los para os outros funcionários.

Além disso, com esse modelo fica mais fácil que os colaboradores mais experientes passem os aprendizados práticos. Desta forma a empresa retém os conhecimentos dos colaboradores mais talentosos e pode promover melhorias contínuas através deles.

Classificações do conhecimento segundo Nonaka e Takeuchi

Os professores da universidade japonesa Hitotsubashi, Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi desenvolveram diversos estudos relacionados ao conhecimento organizacional e a criação do conhecimento.

Um dos seus trabalhos mais conhecidos é o livro “ The Knowledge Creating Company” (A Empresa Criadora de Conhecimento), no qual eles apresentam a Espiral do Conhecimento.Para esses dois estudiosos,  há duas formas principais de conhecimento, o tácito e o explícito, agora vamos conhecer melhor cada um deles.

Conhecimento Tácito

A palavra tácito vem do latim e significa silencioso, ou seja, é o conhecimento que surge a partir das experiências que temos ao longo da vida, muitas vezes até passando quase despercebido.

Por essa razão, é uma das formas de conhecimento mais difíceis de serem transferidas de maneira formal, através de aulas, por exemplo, já que o próprio indivíduo muitas vezes não sabe explicar como adquiriu esse aprendizado.

Nas organizações é fácil de saber quem possui este conhecimento. Um exemplo é são os vendedores mais experientes, que só de olhar para os futuros clientes já sabem quais são as melhores táticas para apresentar os produtos e persuadi-los a comprar.

Conhecimento Explícito

Outra forma de conhecimento apresentada por Nonaka e Takeuchi e que foram utilizadas para embasar a Espiral do Conhecimento é o conhecimento explícito, também com origem no latim, esta palavra significa declarado, dito.

Ao contrário do conhecimento tácito, esses aprendizados acontecem por meio de leitura e estudos em documentos formais como vídeos, livros, normas, etc. O maior exemplo são os livros acadêmicos, mas não se resume a isso, se você reproduz a receita de um livro de culinária, por exemplo, está fazendo uso do conhecimento explícito.

Dentro das organizações você encontra esta forma de aprendizado através dos manuais que detalham as atividades de um determinado setor ou função e os bancos de dados com informações sobre os clientes.

A partir da percepção dessas duas formas de criar conhecimento,  Nonaka e Takeuchi pensaram em uma maneira de uni-los, e assim surgiu a Espiral do Conhecimento.

Etapas da Espiral do Conhecimento

Como já mencionei, um dos grandes desafios para a gestão do conhecimento nas empresas é passar as experiências e informações adquiridas pelos colaboradores para os outros, e assim melhorar o desempenho do negócio como um todo.

Para isso, Nonaka e Takeuchi criaram um modelo de conversão do conhecimento do tácito em conhecimento explícito que funciona em 4 etapas de forma cíclica, como uma espiral: socialização, combinação, externalização e internalização, conforme imagem feita pelo SEBRAE.

Socialização

A primeira etapa da Espiral do Conhecimento é a socialização, nela acontece a transmissão de um conhecimento tácito de um colaborador para outro. Esta troca ocorre através de uma mentoria, trabalho em equipe ou brainstorming.

Mas além disso, a socialização também surge da observação, quando um novo funcionário assiste o outro atendendo aos clientes, por exemplo.

Por isso, é importante criar um ambiente no qual a interação entre os membros seja estimulada, permitindo que as trocas aconteçam e assim o conhecimento seja transmitido.

Externalização

Passada a etapa de socialização vamos para a externalização, quando o conhecimento tácito e passado para o explícito.

Essa fase bastante delicada do processo, pois como já comentei o conhecimento tácito é mais difícil de ser comunicado, então o que se busca nesta fase é facilitar o processo.

Para chegar neste objetivo são criadas ferramentas que facilitem o acesso do conhecimento para outros membros da empresa. Alguns exemplos são: elaboração de um manual técnico a partir de um brainstorming com os colaboradores e a criação de um diagrama para solucionar problemas.

Combinação

Nessa etapa da Espiral do Conhecimento, um conhecimento explícito é transformado em outro conhecimento explícito, combinando eles para ampliar a sua capacidade de aprendizagem.

Durante esse processo surgem muitas ideias inovadores que produzem um novo conhecimento. Uma maneira de aplicar isso nas empresas é fazer reuniões entre os setores para que juntos encontrem a solução para determinado problema.

Internalização

A internalização é o encerramento do ciclo, quando o conhecimento explícito já foi tão bem incorporado que ele passa a ser tácito, isto é, quando o colaborador já compreende tão bem que já está no “modo automático”.

Gostou de aprender mais sobre a Espiral do Conhecimento de Nonaka e Takeuchi e como colocá-la em prática? Por meio desta estratégia é possível criar novas ideias, melhorar a tomada de decisão e incentivar a participação dos colaboradores levando ao crescimento do seu negócio.

Cultura da aprendizagem nas organizações

Para que a Espiral do Conhecimento de Nonaka e Takeuchi faça parte do dia a dia da empresa é muito importante criar uma cultura que estimule aprendizagem. Para facilitar este processo fiz uma lista com iniciativas para incluir na rotina da sua empresa.

Forneça e incentive os feedbacks

Por mais que essa seja uma dica bastante óbvia, vale a pena sempre reforçar que é importante criar um ambiente seguro para os colaboradores exporem a sua opinião.

Uma forma de fazer isso é incluir esses momentos no cronograma da empresa, como um one a one (conversas rápidas entre gestores com membros da equipe) mensal.

Invista em treinamento e desenvolvimento

Promover capacitações é uma ótima maneira de estimular uma cultura de aprendizagem. Mas além das atividades relacionadas a função é importante trazer temas que complementam a vida profissional dos colaboradores.

Lembrando que muitas vezes não são necessários grandes investimentos nestas atividades, a própria gestão pode contribuir compartilhando os seus conhecimentos e experiências.

Estabeleça uma relação entre o que é aprendido e o ambiente de trabalho

Para manter o interesse dos funcionários na busca pelo conhecimento é fundamental conectar os conhecimentos adquiridos através dos treinamentos, manuais e reuniões com o dia a dia da empresa.

Realizar tarefas e testes, buscar soluções para situações vivenciadas no negócio, fazer estudos de caso são algumas maneiras de unir o conhecimento teórico (explícito) à prática.

Seguindo essas dicas já será possível começar a desenvolver uma cultura de aprendizagem dentro do seu negócio.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


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         Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.    

Rafael José Pôncio
Rafael José Pônciohttps://linktr.ee/rafaeljoseponcio
É escritor brasileiro, historiador, administrador, economista e professor.

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