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domingo, 28 de abril de 2024

Mar Aberto 

  Após a tempestade, me aconselharam a não entrar no mar pois a ressaca é perigo. Sabe que a primeira vez que a vi, não senti nada além de nojo. Olhava de cima a baixo, criticando até as unhas dos pés dentro dos sapatos. Até que uma vez descobri que ela gostava de música, resolvi procurar o que ela gostava de escutar. 

  Ela gostava de boa música, e eu gostava dela. Eu tentava, tentei, negar por muito tempo, até que me prendi em teu olhar e escrevi diversos poemas sobre estes teus olhos azul mar.

  O problema é que após a tempestade o mar é puramente ressaca. Ressaca que te puxa, arrasta e leva pro meio de si. E mesmo tentando sair, me vi presa. O mar de ressaca te afoga, te amarra e te faz ter certeza de que vai morrer ali. Mas não morri. Talvez quisesse. 

  E quando me vejo presa nesses teus olhos de ressaca (1), tenho certeza que o mar puxa e não solta nunca mais.

1- Referência aos capítulos “Olhos de Ressaca”, em “Dom Casmurro” de Machado de Assis;

Autora:

ISandra Mara

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