-Deus está morto, e fomos nós que o matamos. Matamos-o conscientes de nossos pecados. Ele morreu um pouco, de desgosto, a cada vez que matamos milhões em guerras, a cada vez que deixamos que passassem fome, a cada vez que nos afogamos em vícios, sobretudo quando em nome de Jeová. A humanidade foi deixada à mercê do mundo, sem qualquer amparo confiável, quando matou Deus. Agora, ele não está mais aqui. Não alimenta os famintos, não cala os loucos e não protege os desabrigados. Portanto, tudo que ocorre é obra do acaso, da vontade daqueles que tem poder, e da ignorância dos que não tem.
-Pois bem. Se Deus está morto, não temos mais alguém que se importe conosco. Temos apenas a nós mesmos. A humanidade possui o fardo de caminhar com as próprias pernas, e, por sua natureza ambiciosa, alcançar os céus. Somos a espécie mais inteligente conhecida e a única capaz de fechar seus olhos e sonhar. Temos o poder de erguer e abater gigantes. Mesmo que alguns prefiram destruir vidas, outros se dedicam a construir um lar melhor para a humanidade. Se matamos mesmo Deus, não somos capazes, nos mesmos, de criar um divino?