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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Cuidado: corretor ortográfico em ação!

Todo final ou início de ano são divulgadas uma série de listas, algumas das curiosas: gol mais bonito, atleta do ano, melhor cantor, melhor álbum, música, livro, filme, carro do ano e por aí vai. Todo ano também é escolhida “a palavra do ano”, verbete novo mais citado e que se incorporou ao vocabulário.

Em 2021, os editores do Oxford English Dictionary elegeram VAX, abreviação da palavra vacina, como a palavra do ano. Muito justo! Só se falava em vacina. Fake News, Pós Verdade, Selfie, também já foram escolhidas “palavra do ano”.

No Bar do Bolão, alguns amigos desde a infância discutiam o assunto quando alguém lembrou dos xingamentos. Alfredo defendeu que assim como a palavra do ano, o alvo dos xingamentos do povo também muda. A mídia deveria escolher o xingamento do ano e o mais xingado do ano, o campeão de ofensas. E tem de mudar mesmo – falou Odilon, se não sobra sempre para a mesma pessoa.

Jaime lembrou que desde a antiguidade a pessoa mais citada em xingamentos é a mãe. Tremenda injustiça! O cara quer ofender alguém e sobra para a mãe do desafeto, que nada tem a ver com as atitudes do filho. Pobres das mães de juiz de futebol, motorista barbeiro, ministro de tribunal, político, motoboy.

Após mais uma rodada de chope, o grupo lembrou alguns alvos de xingamento não são pessoas, mas coisas: TV CCE, Windows 95, Windows ME, Windows Vista, qualquer versão do Windows; Fiat Marea 1.6 Turbo, carro a álcool no inverno, açucareiro que não solta o açúcar ou solta tudo de uma vez e faz o café transbordar, Viagra genérico em promoção, etc. A lista é longa e todo mundo já xingou essas coisas pelo menos uma vez na vida.

Luiz disse que com a proliferação do home office, o alvo no principal no último ano não foi uma pessoa ou objeto, mas sim um recurso do celular: o Corretor Ortográfico. Às vezes ele parece ter vida própria e cria confusão para todo mundo: pais e filhos, marido, mulher e amante, patrão e empregado, amigos, clientes, grupos de WhatsApp etc. Quem nunca foi sacaneado pelo Corretor? Você digita uma coisa e o maldito escreve outra, bem diferente. Quem recebe a mensagem e se sente ofendido, responde com desaforo maior e ninguém sabe que o causador da briga foi o maldito corretor.

Otávio relatou uma tremenda treta que teve com a esposa por causa do corretor. Ontem, quando percebeu que ia chegar tarde em casa, mandou mensagem para Alberta para amansar a fera, mas deu tudo errado por culpa do corretor. Ele leu a troca de mensagens para os amigos:

  • Amor, melhorou da enxaqueca?
  • Um pouco, mas tudo o que quero no momento é o CURA.
  • Você nem é católica. Por que quer um padre?
  • Você bebeu? Quem falou em padre?
  • Você escreveu O CURA, ANALFABETA, Cura significa padre.
  • Analfabeto é você, OTÁRIO. Desculpe, digitei Otávio e o corretor trocou para OTÁRIO.
  • E eu digitei Alberta e saiu ANALFABETA.
  • É esse maldito corretor. Digitei a cura, do verbo curar, sarar. E aí? Já arrumou emprego?
  • Um amigo prometeu uma vaga no mercado PORNOGRÁFICO. 
  • O quê? Vai virar ator pornô? Com esse seu desempenho ridículo? KKK. Vai morrer de fome!
  • Ator pornô? Quem disse isso? Ah! Droga! Digitei FONOGRÁFICO e saiu PORNOGRÁFICO. Essa CORRETORA está me causando dor de cabeça.
  • Corretora? Você está tendo um caso com a minha amiga?
  • Que amiga?
  • A Cacilda, Corretora de Seguros. Como “já foi boa”? Então você já testou?
  • Droga. Escrevi “Corretor” e o infeliz mudou para “CORRETORA”. Não dou a mínima prá sua amiga Cacilda, que aliás é muito PESADA.
  • Pesada? Então ela já esteve em cima de você? Seu asqueroso!
  • Eu escrevi “Lesada”. Juro que ainda descubro quem é mãe do cara que inventou o corretor ortográfico. Tá fazendo o que?
  • Fui na obra pegar um PEDREIRO e agora estou no sofá com o LAVRADOR.
  • Sua vagaba. E ainda tem coragem de insinuar que eu e a Cacilda….
  • Droga de corretor. Escrevi “Peneira” e “Labrador”. Fui na obra pegar uma peneira emprestada e estou com nosso cachorro Labrador no sofá, vendo TV.
  • Vamos parar com as mensagens se não a gente acaba brigando. 
  • Tá bom. Você vem logo prá casa? Vai querer comer o quê?
  • Vou demorar. Tô louco por uma CACHORRA CALIENTE.
  • Ah, seu CANALHÃO!
  • Caramba! Eu escrevi “Cachorro Quente”.
  • E eu digitei “Garanhão”! Mas concordo com o corretor: Canalhão! É isso o que você é. E não me acorda! Nem vem que não tem.
  • Tá bão. Eu me viro com uma PIRANHA no DRIVE-IN.
  • Piranha? Drive-in? Se vier para casa você está FEDIDO.
  • Digitei “Picanha” no “Drive Thru”. Maldito corretor!
  • Eu também digitei outra coisa. Foi mal. Vê se não demora. Beijo!
  • É o que dá digitar às pressas sem se preocupar com RECLUSÃO. Opa, saiu errado. Não é RECLUSÃO. É REVISÃO. Maldito corretor!

Após o relato de Otávio, todos os amigos pesquisaram no Google: “Quem inventou o corretor ortográfico e qual o nome de sua mãe.

Laerte Temple
Laerte Temple
Administrador, advogado, mestre, doutor, professor universitário aposentado. Autor de Humor na Quarentena (Kindle) e Todos a Bordo (Kindle)

6 COMENTÁRIOS

    • Obrigado pelo comentário Lilia. Quem descobrir o nome da mãe do criador conta para o outro. Combinado? KKK. Publico todas as sextas, 10h. Nesta sexta, Patty Hinganar dá dicas de investimentos para 2023. Não perca! Abraço.

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