Quando completei 20 anos minha cabeça deu um nó, “nossa! 20 anos… e agora?”. A adolescência tinha ficado para trás, a galera da escola, do grêmio estudantil, era uma jovem adulta que tinha muitas questões passando pela mente. O que vou fazer? No que vou trabalhar? Que profissão seguir? Pensava muito no futuro, sonhava em morar sozinha, ter minha independência, mas, ao mesmo tempo era muito preguiçosa em relação a tudo isso, trabalhava no que aparecia e por muito tempo foi assim, lembro que li uma vez um artigo em uma revista que dizia “Como ser bem-sucedido, ter uma família feliz e realizações antes dos 30?” achei uma bobagem, como se a vida só pudesse ser vivida e conquistada antes dos 30, nem preciso dizer que para a maioria das pessoas isso é impossível e deve ser bem sem graça também, e após conquistar tudo com 28 anos, o que você vai fazer da vida? Enfim não levei isso para minha vida, me casei com 25 anos, não quis ter filhos, não me formei e assim fui vivendo, empurrando com a barriga.
Quando dei por mim os 30 chegaram, “como assim? 30 anos, virei balzaquiana…”, uma idade tão distante quando a gente é criança, mas o tempo passa, na casa dos 30 perdi meu pai, entrei em processo de divórcio, (não estou aqui fazendo apologia), mas depois me dei conta de que as coisas não poderiam ser empurradas a vida toda, foi como se minha cabeça apertasse o start e tudo começasse aos 30 e poucos, fiz minha faculdade, moro sozinha, trabalho na minha profissão, escrevi um livro que era meu sonho desde a infância, aos poucos vou conquistando as coisas que queria, e isso é um processo por vezes lento, mas que tem um sabor muito especial e não é um artigo de revista que vai dizer que fracassei por não ter tido tudo o que queria com 20 e poucos, quem faz minha vida sou eu, e no tempo certo e com dedicação as coisas fluem. Vivemos em tempos imediatistas em que tudo tem que ser para ontem, lamento, eu vou no meu tempo mesmo.
Hoje com 38 anos, confesso que por enquanto a crise dos 40 não me alcançou, ainda tenho 2 anos de lucro rsrs. Com certeza com a cabeça que tenho hoje não queria voltar a ter 20. E por que estaria em crise? Por alguns cabelos brancos e rugas futuras? Bobagem, se agora existe um surto de botox e harmonização facial, deixa para quem quer parecer eternamente jovem, não que isso seja uma crítica, cada um sabe de si, mas em minha opinião a aparência sempre é um fator importante no surgimento dessas crises de idade, e se tem uma coisa que dá trabalho é lutar contra a lei da gravidade.
A vida é feita de fases e crises e cabe a cada um de nós vivê-las da melhor forma possível. Sobre a crise dos 50 em diante, deixo para daqui a 10, 20 anos, e que eu possa aprender mais com a maturidade e com o que ela tem a oferecer, afinal como disse Lya Luft “A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura”. Uma coisa tenho certeza serei uma senhora roqueira já que isso nunca fica para trás. ; )
Shirlei Pinheiro
ótimo artigo, parabéns.
Obrigada