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terça-feira, 14 de maio de 2024

Uma Estratégia Para Um Bom Posicionamento Logístico

O Que São Fluxos de Produtos Puxados e Empurrados? Como a Dell Computers Organizou o Seu Modelo de Posicionamento Logístico? Como a Coordenação do Fluxo de Produtos Está Organizada em Outros Setores da Economia?

No mundo moderno muitas empresas – de diversos níveis, setores e tamanhos – se encontram diante de um enorme dilema: como competir de forma eficiente na cadeia de suprimentos de suas organizações?

Renomados consultores vêm afirmando que, através da integração dos processos de produção e logística, é possível minimizarem seus custos para um determinado nível de serviço – o posicionamento logístico.

Observa-se que, atualmente, existem diversos fatores que levam muitas empresas a uma busca incessante pela integração das suas operações de produção e logística, no âmbito da sua cadeia de suprimentos e, o primeiro fator, seria a pressão para reduzir seus níveis de estoque, em função dos elevados custos de oportunidade de mantê-los.

Além disso a pressão para agilizar o atendimento aos clientes, reduzindo o prazo de entrega e aumentando a disponibilidade – a fim de atender às suas exigências nos últimos anos – também levariam às empresas na direção da integração das suas operações.

Outro fator seria a pressão para customizar em massa; ou seja, oferecer – para grande variedade de clientes – produtos desenhados exclusivamente para atender as necessidades específicas dos clientes, ainda como reflexo das crescentes exigências nos últimos anos.

Diante disso, alguns autores afirmam que uma estratégia de posicionamento logístico ideal seria a tomada de decisão que permitisse a uma empresa alcançar seus objetivos de custo e nível de serviço, através da “coordenação do fluxo de produtos”.

Esses estudiosos em Logística perguntaram aos seus clientes se o fluxo de produtos deveria ser “puxado” (acionado pelo elo que está mais próximo ao consumidor final) ou “empurrado” (coordenado pelo elo que está mais próximo do fornecedor inicial)?

Normalmente, a decisão entre “puxar” ou “empurrar” depende da análise conjunta de dois (2) fatores: visibilidade da demanda e tempos do ciclo de ressuprimento e distribuição. A visibilidade da demanda refere-se ao fato de uma empresa da cadeia de suprimento ter acesso às informações da demanda do consumidor/cliente final em tempo real.

Não deve ser confundida com a previsibilidade da demanda, ou o grau de acerto/precisão no processo de previsão de vendas, o qual depende de diversos fatores: qualidade das informações históricas, método de previsão, número de concorrentes, produtos substitutos etc.

Os tempos do ciclo de suprimento e distribuição referem-se aos tempos médios de recebimento do insumo mais demorado para a produção e de entrega do produto para o cliente. Permitem responder a seguinte questão: “se não houvesse mais estoques na cadeia de suprimentos, quanto tempo levaria para o cliente ter o produto em mãos? ”.

A visibilidade da demanda permite que os fluxos de produtos sejam “puxados”; ou seja, coordenados pelo estagio mais próximo do consumidor final, com base nas informações de venda em tempo real capturadas pela tecnologia de informação.

Um exemplo claro de cadeia de suprimentos que opera totalmente com fluxos de produtos “puxados” é o “Modelo Direto” que a empresa Dell Computers organizou com seus fornecedores e clientes. Nesse modelo, todas as operações comerciais, de produção e distribuição foram centralizadas em um único local.

O cliente faz seus pedidos através de uma central de telemarketing ou Internet, sinalizando a necessidade de montagem de um novo computador e, dessa forma, os fornecedores da Dell (como a Sony e a Intel) acessam continuamente a Intranet da Dell para acompanhar os status dos pedidos e enviar peças e componentes necessários.

Com esse modelo, os estoques da Dell giram 180 vezes por ano, ao passo que os da concorrência giram apenas 6 vezes por ano. Desta forma, com o Modelo Direto, a Dell articulou as seguintes decisões de posicionamento logístico: produção e distribuição puxadas, produção contra pedido, estoques centralizados, transporte expresso para o cliente final.

Por outro lado, os tempos do ciclo de suprimento e distribuição permitem responder se o fluxo de produtos poderá ser “puxado” ou “empurrado”, quando os comparamos com o tempo de resposta exigido pelo cliente final.

Então, se o tempo de resposta exigido pelo cliente final for superior a duração do ciclo de suprimento/distribuição, o fluxo pode ser acionado pelo estagio mais próximo do consumidor final (puxado).

E o caso dos clientes da Dell que aceitam esperar de 3 a 7 dias para um computador novo que tem um ciclo de suprimento-produção-distribuição de dois dias no máximo (a base da coordenação está fora da empresa).

Se o tempo de resposta exigido pelo cliente final for inferior a duração do ciclo de suprimento/distribuição, o fluxo será coordenado pelo estagio mais próximo do fornecedor inicial (empurrado), e direcionado por previsões de vendas que sinalizem para a formação de estoques (a base para coordenação está fora da empresa).

O programa ECR, adotado entre diversos varejistas e fabricantes de bens de consumo no Brasil, é um exemplo onde parte do fluxo de produtos e “puxada”; ou seja, coordenada pelo varejo, e parte do fluxo é “empurrada”; ou seja, coordenada pelo fabricante.

Isto acontece pela diferença entre o tempo de resposta exigido pelo varejista e o tempo de ciclo de suprimento/distribuição do fabricante.

No ECR, a reposição automática das prateleiras no varejo deve acontecer numa janela de tempo de até 24 horas, sendo direcionada por informações de venda em tempo real coletadas no PDV.

Por outro lado, alguns fabricantes como cervejarias experimentam tempos de ciclo de suprimento e produção muito superiores a 24 horas. Nestas circunstancias, o fluxo de produção e de compras deve ser empurrado com base em previsões de vendas futuras para que não haja falta de estoque.

Pesquisa sobre as decisões de posicionamento logístico (realizada pelo Centro de Estudos em Logística, com quase 30 empresas) fornece maiores detalhes sobre como a coordenação do fluxo de produtos está organizada em diversos setores da economia.

Cada empresa pesquisada relatou suas decisões para dois tipos de produto, um produto Classe A em faturamento e um outro produto Classe E, também em faturamento.

Com isto, a pesquisa totalizou quase 60 casos para serem analisados entre os setores alimentício, eletroeletrônico, farmacêutico, químico e petroquímico, automobilístico e tecnologia e computação.

Os setores onde predominam fluxos empurrados, direcionados por previsão de vendas e coordenados pelo estagio mais próximo do fornecedor inicial são o alimentício, farmacêutico, eletroeletrônico e químico e petroquímico.

Os setores onde predominam fluxos puxados, direcionados pela demanda real e com coordenação pelo estagio mais próximo do consumidor final são o automotivo e o de tecnologia e computação.

Os setores onde predominam fluxos empurrados, direcionados por previsão de vendas e coordenados pelo estagio mais próximo do fornecedor inicial são o alimentício, farmacêutico, eletroeletrônico e químico e petroquímico.

https://www.facebook.com/profigestao

Julio Cesar S Santos
Professor JULIOhttps://profigestaoblog.wordpress.com/
Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial, especialista em Marketing Estratégico

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