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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Três poemas para o dia

I

o dia te acolheu,

teus cabelos, os ventos tocaram,

teus lábios fechados

abriram-se e tocaram-se.

os passados voavam

de conversa à conversa

tipo os pássaros que

se ajuntam nos postes,

e da janela, alguém costurava um vestido;

e na calçada, mesas enfileiradas

e alguma alegria contagiante

que emanava d’uma mulher que dançava

àquela música,

com aquele cigarro,

com aquele copo

que não parava

de transbordar

e a solidão daqueles braços ao ar

como se dançasse com alguém,

mas não tendo ninguém,

somente eu a olhar.

II

quadros em quartos

esperando alguém para

os limpar.

quartos diuturnamente vazios

esperando à cama

alguém para ali descansar.

vai-vem de papos furados,

conversas curvas e rajadas

de olhares de deboche, de charme.

29 graus de ódio.

várias conferidas no relógio.

estresse, esquece, estresse.

ódio, muito calor.

pouco sabor desse café,

muito amargor dessa saliva.

III

— acorda cedo,

vai pra escola,

volta pra casa,

acorda tarde,

perde o horário.

chora, quero ir embora,

passa cola, caneta,

salivar ao ver cerveja,

namora, chora de novo,

-me dá cola?

vai pra casa,

já era hora.

Autor:

Gabriel Vidal Guedes

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