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sexta-feira, 19 de abril de 2024

O final da temporada 2021

No último dia 02, eu cheguei em casa do trabalho no final da tarde e, como de costume, fiz meu exercício na bicicleta ergométrica, acompanhando uma série no Netflix ou na Amazon. Descobri que sou um atleta dedicado, aos streamings. Isto não quer dizer que não acompanho os jogos enquanto faço meu exercício. Neste momento, uso a internet do celular. Depois de pedalar liguei a televisão em um canal de esportes para me manter informado sobre o que estava acontecendo na rodada do Brasileirão. Não me lembro o jogo que estava passando, mas naqueles minutos vi a bolinha piscar duas vezes e anunciar a vantagem do Bahia sobre o Atlético Mineiro.

Ao ouvir o resultado parcial, decidi não aumentar o volume da televisão para entrar no banho afinal o Atlético perdia por 2X0 e, com o Bahia lutando desesperadamente contra o rebaixamento e jogando na Fonte Nova, não desperdiçaria a oportunidade. Acreditei que a decisão havia sido transferida para o domingo contra o Bragantino, no Mineirão. Quando saí do banho, para meu espanto e surpresa, ouvi o narrador afirmar que o placar do jogo daria o título para o Galo.

Eu ouvi errado, pensei! Como a partida que estava sendo televisionada não era a que ocorria em Salvador, corri até o celular e consultei a internet. O Atlético havia virado o jogo para 3X2 em basicamente 5 minutos. Imediatamente me lembrei de JK e da célebre frase que marcou o seu governo: “Cinquenta anos em cinco”. Contemporaneamente, o alvinegro mineiro reatualizou o sentido da frase, primeiro vencedor do Campeonato Brasileiro, o clube aguardou meio século para erguer novamente a taça, ou seja, lá se foram “Cinquenta anos em cinco minutos”.

O clube mineiro bateu na trave algumas vezes ao longo deste tempo. Foram cinco vice-campeonatos (1977, 1980, 1999, 2012 e 2015), número só superado pelo São Paulo. Após a excelente campanha de 2020, mas que não culminou com o título, o clube não adotou a política da “terra arrasada”. Para o lugar de Jorge Sanpaoli, que resolveu retornar para o mercado europeu, foi contratado Cuca, treinador muito identificado com o Atlético Mineiro. Os dirigentes e o mecenas também resolveram manter a base da equipe que foi comandada pelo técnico argentino e contrataram reforços fundamentais como Hulk ou Diego Costa.  

A paciência e a confiança na qualidade do trabalho que estava sendo desenvolvido frutificou e os resultados ao longo desta temporada demonstram isto. O Atlético se sagrou, inicialmente, campeão mineiro. A equipe realizou excelente campanha na Libertadores, ela foi eliminada na fase semifinal após dois confrontos com o Palmeiras os quais foi, a meu ver, na maior parte do tempo, superior ao seu adversário. Disputará, amanhã (12/12) e quarta-feira (15/12), a final da Copa do Brasil contra o Athletico Paranaense. Finalmente, o fruto mais desejado pela torcida, a conquista do Brasileirão.

A última rodada do Brasileirão foi disputada na quinta-feira e selou dois dos últimos rebaixados. A tristeza se apoderou de dois ex-campeões brasileiros e tricolores: o Bahia e o Grêmio. O imortal gaúcho, em situação extremamente complicada, precisava vencer e ainda contar com as derrotas de Juventude e Bahia. Em jogo muito disputado, a desesperada equipe gaúcha chegou a abrir, em poucos minutos, três gols de vantagem. O Atlético reagiu e terminou a primeira etapa perdendo por 3X2. Na etapa final, com um gol para cada equipe, o Grêmio conquistou a vitória por 4X3, mas precisava “secar” seus concorrentes.

A torcida dos gremistas até funcionou contra o tricolor de aço. O Bahia saiu na frente do Fortaleza, mas sofreu a virada e se viu irremediavelmente na Série B no próximo ano. No entanto, os fluidos negativos emanados pelos gremistas não foram capazes de afetar seu conterrâneo da Serra Gaúcha. A torcida do Juventude lotou o estádio Alfredo Jaconi para empurrar o alviverde. Na primeira etapa os donos da casa pressionaram os visitantes, mas pecavam no último passe. Na etapa final, o jogo ficou mais truncado e pouco criativo. No entanto, aos 37 minutos, Chico, de pênalti, marcou e garantiu a permanência do Juventude na Série A.

Não foi por falta de aviso que o Bahia foi rebaixado. Apesar de ter iniciado a temporada com o título da Copa do Nordeste contra o Ceará em pleno Castelão, ela foi marcada por muitos problemas, inclusive financeiros. As tentativas de corrigir os rumos nem sempre foram acertadas e se mostraram incapazes para evitar a queda. Demissões, afastamentos e protesto resumem o caminho do Bahia.

É difícil analisar o Grêmio. Por um lado, a queda foi surpreendente, afinal é uma equipe com atletas qualificados, boa estrutura física, arena nova, folha salarial de aproximadamente 15 milhões e com as contas em dia. Por outro lado, não se pode falar em surpresa quando a equipe só não esteve na zona de rebaixamento na primeira rodada do Brasileirão. Antes do jogo contra o Atlético, meu amigo gremista, Tales, veterinário das minhas cadelas, me falou que mantinha a esperança de evitar a queda, mesmo que bem fugaz, mas que se ela ocorresse, como aconteceu, era merecida.

Os motivos por ele elencados se mostraram muito semelhantes aos meus. Entendo que o Grêmio, apesar do bom plantel, está muito envelhecido. A ausência dos torcedores no estádio durante a pandemia também evitou ou retardou as pressões que inevitavelmente Renato Gaúcho sofreria com o declínio técnico que a equipe já apresentou ao longo da temporada de 2020. As trocas de treinadores também foi um fator negativo.

Com a definição dos rebaixados constata-se que a Série B, a cada ano que passa, se torna mais competitiva e difícil. Entendo que tal realidade deveria chamar a atenção da CBF e também das emissoras de televisão no sentido de pagamentos de cotas e premiações mais substanciais para os clubes que irão disputá-la.

A série B deste ano contou com 12 títulos brasileiros, no próximo serão 14. Os campeões que estarão na segundo divisão em 2022 são: o Grêmio, o Bahia, o Sport, o Vasco, o Cruzeiro e o Guarani. Além disso, dos 20 clubes que disputarão a competição, oito deles já conquistaram o título da Série B em outras temporadas, são eles: Grêmio, Sport, Vasco, Guarani, Criciúma, Chapecoense, Londrina e Sampaio Corrêa. Promessa de mais uma temporada muito difícil para retornar à elite do futebol nacional.

Autor:

Luiz Henrique Borges

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