Pessoas difíceis e as nossas reimpressões mentais

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O que são reimpressões mentais?

São diálogos interiores que travamos diariamente, nós ficamos “remoendo” fatos, acontecimentos, situações, conversas que não conseguimos aceitar.

Ficamos revivendo as impressões que tudo isso nos causou ou ainda causa, nós mesmos falamos e respondemos, baseado nas conclusões que vamos tirando do que está ocorrendo.

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Exemplo:

Tive uma discussão, não gostei do rumo que a conversa tomou, as impressões que eu tive ficaram impregnadas no meu subconsciente me causando sensações que me fazem mal, então eu fico dialogando mentalmente, imaginando o que eu poderia ter feito ou dito e não fiz e reimprimo essas sensações no meu subconsciente e toda vez que eu faço isso, eu sofro, fico triste, irritada.

Uma das maiores causas da desestruturação familiar, perdas de amigos, relacionamentos, doenças são as nossas reimpressões mentais. Vivenciar uma situação difícil já é traumatizante, agora ficar revivendo-a, é mil vezes pior, pois ao invés de usarmos esses diálogos mentais para tentar entender, buscar uma saída, ou se no momento não vemos uma, pelo menos aceitar que precisamos nos posicionar, nos colocamos como vítima, injustiçados.

Agora o que é uma pessoa difícil?

Alguém que não é o que esperávamos que seja ou fosse, alguém que bate de frente conosco, alguém que nos deixa fora de si só de lembrar dela, chegamos a passar mal só de pensar em encontrá-la?

Se é algum familiar ficamos nos questionando, que mal eu fiz a Deus, para ter que aguentar este traste?

Então começamos a nos martirizar travando os famosos diálogos interiores, o que eu faço? Não vejo saída! Para onde eu vou? Será que eu mereço tudo isto? Não aguento mais, queria que ele se desintegrasse na frente! E aí vai…

Não percebemos o mal que estamos nos fazendo. Começamos a sentir dores sem causas aparentes, m al estar só de ouvir a voz daquela pessoa, o incômodo é tão grande na frente dela que se começa a criar uma doença real, depressão, síndrome do pânico, medo, ansiedade, insônia, um ódio tão grande começa a lhe tomar conta da mente, que começa a ter constantes pensamentos negativos o tempo todo, vive triste, se isola, podendo levar ao suicídio não havendo um desejo de morrer e sim fugir daquilo tudo, acreditando ser a única saída viável e definitiva.

Agora será que também não somos uma pessoa difícil para o outro? Será que também não despertamos reimpressões mentais interiores tão importantes quanto estes que sentimos?

Quem não consegue entender os seus sentimentos e reações e aceita-las, dificilmente conseguirá entender o outro. Dar importância a uma sensação é perceber o que ela está querendo dizer. Através dessas sensações vem os sentimentos de como somos e de como vamos reagir.

Exemplo: o medo nos dá uma sensação que aprisiona, o choro nos alivia, o perdão nos liberta, a mágoa nos adoece, o amor nos cura, a ansiedade nos enfraquece, a insegurança nos desmotiva, rigidez nos inibe, a culpa nos constrange, a ilusão nos entorpece, a orgulho nos martiriza, a crueldade nos aflige, a preocupação nos paralisa,…

Em dados momentos percebemos as coisas, o outro como nós somos e não como eles são, através dos nossos pré-julgamentos baseados nos nossos valores éticos que acreditamos como certos.

Porque a pessoa, a situação me incomoda tanto? Ou vice-versa?

Algum motivo deve ter, ou não pode ser apenas uma antipatia gratuita ou o santo não bateu, como diz o velho ditado. Será que eu queria ser igual a ela, fazer parte do seu grupo?

Ignorar as sensações não faz com que elas deixem de existir.

Aquela pessoa difícil ou a situação que te faz mal, estão lá.

Deveremos tentar entender o que dá para ser feito.

Existe um ditado bíblico que diz, deixai vir quem os acolhe e deixai em paz quem vos repele.

Não é reprimindo os sentimentos, ignorá-los, mas entende-los, não recusando a realidade.

As três etapas do autoconhecimento são:

_ Conscientização, aceitação e reflexão.

Como vamos conseguir isso?

Primeiro admitir que sempre estamos nos comparando ao outro, 0 julgamos de acordo com o que nós somos ou aparentamos ser.

Segundo usar as nossas reimpressões mentais e os nossos diálogos interiores para encontrar saídas e entendimentos sobre o que está acontecendo e nos machucando.

Nos relacionamentos, em todos os sentidos, devemos entender que o outro tem sentimentos, medos, ansiedades, momentos de raiva, insegurança, assim como nós também os temos.

Não descontando no outro as suas dificuldades diárias, não o autoidealizando , não achar que ele é responsável pela sua felicidade ou infelicidade, não se encostar ninguém querendo que ele resolva os seus problemas, não se sentir culpada e nem culpar ninguém por ser o que ou quem gostaríamos de ser.

Não se sentir melhor ou pior que ninguém e jamais dizer que nunca faria isso, que horror! coraç Será?

O coração é terreno que ninguém pisa, ninguém pode prever as suas reações no calor do momento. Podemos tentar e nos esforçar, na medida do possível, para nossa melhoria interior.

Pessoa difícil pode ser qualquer um, mas a dificuldade principal é conosco, a causa de tudo está dentro e não fora de nós.

Autora:

Teresa Armando Elios da Silva, assistente social e gestora do terceiro setor.

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