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sábado, 27 de abril de 2024

Em meio a crise da pandemia, o país vive uma extrema polarização

O país vive uma extrema polarização que nunca houve, pelo menos em tal intensidade. O repúdio aos modelos políticos de centro esquerda e de esquerda do PSDB e PT, veio com muita intensidade na campanha de 2018. A candidatura de Bolsonaro foi, quase por acaso, premiada por esse sentimento anti-esquerdista que crescia no seio da sociedade. Bolsonaro nunca foi liberal. Viveu a vida toda às custas da sociedade pagadora de imposto. Aos trinta e poucos anos sua rebeldia e insubordinação no exército foi premiada com gorda aposentadoria. Passou mais de 6 mandatos sem defender nenhuma pauta liberal de menos estado. Votou muitas vezes matérias alinhadas com a esquerda por mais intervenção do estado na economia e nos costumes da sociedade. O que o destacava era a extrema defesa do golpe de 1964, da repressão dos anos da ditadura militar e do anticomunismo. Sempre pertenceu ao baixo clero do parlamento e passou ao largo das grandes questões de menos burocracia, privatização e modernização do estado que se debatia no início do governo FHC.

Em 2018, captou rapidamente o espírito antipetista e de anseio por diminuir o peso opressivo do estado na vida do povo e abraçou a causa liberal. Escolheu estrategicamente o professor Paulo Guedes, um acadêmico de destaque no meio universitário e com prestígio junto aos grandes empresários e banqueiros. Com uma agenda fortemente antistablishment, acrescentada pelo luta contra a corrupção, sua candidatura deslanchou.

Mas, logo nos primeiros meses do mandato como presidente da república, Bolsonaro já começava a revelar sua verdadeira natureza. Aos poucos a agenda liberal foi perdendo força e o combate a corrupção abandonado inteiramente, culminando com a demissão do Ministro Sérgio Moro. A divulgação de que sua vida não era tão imaculada quanto passava para o povo foi a pá de cal no seu projeto de governar sem as barganhas da velha política. O fato de que o filho mais velho praticava com desenvoltura a chamada “rachadinha” na assembléia legislativa do Rio, e da qual o próprio Bolsonaro se beneficiava, lançou definitivamente por terra as promessas de campanha que o fizera vitorioso.

Hoje, a despeito dos inúmeros erros e inoperâncias de seu caótico governo, Bolsonaro mantém um público fiel ao seu carisma de político autêntico e gente do povo. É difícil quantificar qual a porcentagem desses eleitores. Falo desses cidadãos que se mantém fiel independentemente de qualquer desempenho no poder. O certo é que os Bolsonaristas fazem muito barulho. Sua possível vitória em 2022 vai depender da capacidade de sair dessa crise terrível em que passa a sociedade, dando a volta por cima. Caso as condições econômicas não melhorem significativamente, o antipetismo pode não ser suficiente para garantir-lhe um segundo mandato. Muitos bolsonaristas aplaudiram a manobra esdrúxula  do STF de libertar Lula e anular o julgamento capitaneado por Sérgio Moro. Estão pensando errado. Essa eleição vai depender das condições econômicas da população. Caso a crise não passe ou piore, Lula, ou seu poste, tem grande chance de voltar ao poder.

 Caso Bolsonaro sobreviva à CPI do Covid, o jogo estará nas suas mãos. O carta na manga, que decide o resultado, também está. Conseguindo recuperar rapidamente a economia e debelando a crise pela qual estamos passando, sua vitória será fácil. A questão é: terá ele inteligência e capacidade de vencer essa batalha! Pelo modo errático, confuso e contraditório de seu desempenho no papel de comandante supremo da nação, nada supõe que o consiga. Resta, para os que são antipetistas e  antibolsonaristas ao mesmo tempo, a chamada terceira via. Mas haverá tempo para construir essa saída, encontrar um candidato forte e com densidade eleitoral suficiente para colocar um daqueles dois fora do segundo turno?

Autor:

Abel Aquino

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