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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Agora que já se ouviu tudo

Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos. (Eclesiastes 12:13).

PARA MUITOS A VIDA COMEÇA PELO FIM.

Como diria o jovem de hoje: “Veio…” rs. Velho é algo usado, surrado e às vezes, marcado pelo tempo. O melhor do velho é já ter “experimentado” de tudo, ou pelo menos, quase tudo. Há diferentes conotações para “velho”.

Pode se referir à idade, outras vezes ao uso, e outras; a proximidade do final. Final da vida, final de uma história, final de uma passagem, e/ ou, apenas ao final de um começo. Verdade seja dita, enquanto houver vida, sempre haverá um começo, porém; no texto em que estamos a refletir, a conclusão, a qual; o autor chega é: as perdas, as dificuldades, os devaneios, as crises, etc. Não representam um fim em si mesmos, pelo contrário; a vida começa muitas vezes, pelo fim.

Ele viveu tudo e ao mesmo tempo, não viveu nada, porque o tudo sem Deus é nada, e o “nada” com Deus é tudo. Qual é a conclusão de tudo? Qual a conclusão de ter tido tudo? Dinheiro,ii Conhecimento,iii Fama,iv Bens materiais? Na grande maioria das vezes é o desejo que se chegue o fim! Por esta razão, muitas vezes, o que nos resta são apenas frustrações, amarguras e desilusões. Pelo o que já fez, como também; pelo que deixou de fazer. Há pessoas que o ter em si mesmo não representa o significado do ter, enquanto outras, mesmo não tendo e possuindo, vivem tendo sem nunca ter tido. O livro de Eclesiastes aponta essas nuances da vida humana. Vazio é a ausência de algo, de tudo ou para alguns, de quase tudo.

Começar pelo fim, às vezes, é a melhor saída para um bom começo! Para o filho pródigo, a vida começou pelo fim foi preciso terminar para começar, o dinheiro acabou! A dificuldade chegou e o que lhe parecia o fim foi o começo de uma nova vida.

Quem consome confia em si mesmo, quem é consumido confia no outro, foi preciso chegar ao final da linha, conhecer o fim da estrada, a fim de chegar á conclusão: “Agora que já se ouviu tudo e já vi de tudo, aqui está à conclusão: Tema a Deus!”. Para a mulher adúltera, a vida só teve um começo, quando esteve por um fio! As pedras já estavam apontadas, as línguas afiadas, a Lei determinava, “ela deveria ser apedrejada”, porém; uma voz ressoava no silêncio, as mãos escreviam no chão e os pensamentos, se contorciam de forma pulsante, dentro de um homem, cujo amor, ditava às elucubrações de sua mente fértil, que como uma semente, germinava nos canteiros da alma, muitas das quais, imaginaram: Agora é o fim!

O moralismo, associado ao legalismo e impulsionado pelo fanatismo moral-religioso, gritava em alto e bom som: “A Lei o diz, ela deve morrer!”. O coração daquela mulher estava prestes a sair pela boca, e os homens da “Lei” clamavam por “justiça”, ou; suas consciências pulsavam movidas pelo
remorso?

A semente precisa morrer para germinar, a vida iludida pelo prazer, estava prestes do fim, pois o seu fim; era a certeza de um novo começo. Começava ali, a luz da aurora brilhante até se transformar em um dia perfeito! O amor superou o ódio da moral, dissecou as raízes amargas do julgamento: por fim; veio á absolvição da alma, a liberdade do corpo e a soltura do espírito, “vai e não peques mais”.vi Lá foi ela seguir o seu novo caminho.

Para o homem que acabara de ser roubado, humilhado e ferido, a vida parecia ter chegado ao fim. Naquele tempo, as aberturas existentes entre as rochas serviam de esconderijos aos bandidos, os quais; ficavam ali, a espreita do primeiro que ali passasse.

Inclusive, quando no Salmo (121) se lê: “Elevo os meus olhos para os montes de onde me virá o socorro?”. Ele segue na continuidade do texto: “O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra”. Aquelas regiões montanhosas da Judeia e regiões escondiam surpresas desagradáveis. Até que após passarem por ele, um Levita, um sacerdote, chegou-se até ele, um samaritano. O bem muitas vezes, vem de onde menos se espera. Os Judeus não desfrutavam de uma boa relação com os Samaritanos, daí pode se tirar a explicação, do porque, alguns passaram de largo. Hoje em dia, diríamos:

“saíram de fininho!”.

O Levita e o Sacerdote, “são as águas passadas que não movem moinho”, é a vida regrada por interesses pessoais, é o homem que vê, uma mulher ser atacada e finge que não vê, é o motorista que avista uma anciã atravessar uma avenida, e pouco se incomoda com suas debilidades motoras de locomoção. Conquanto, muitos passem e finjam que não vê, sempre haverá, aquele que irá se importar. Sempre haverá aquele que irá parar!.

“Passar de largo” nesse contexto aqui, não é não ver, mas ver e não se mover ver e não sentir perceber, e assim mesmo partir! Quais são as evidências do fim? Passou o Levita levitando em seu próprio egoísmo, passou o Sacerdote; talvez, com o mesmo pensamento frívolo de muitos “pastores” de hoje: “vou orar por você” quando na verdade, a vida requer mais que um milhão de orações, porque muitas vezes; uma única ação tem maior força, do que um milhão de orações. O apóstolo Tiago sabia bem o que isso significa. Porque, aquele que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado. Fazer o bem não significa dar uma nota de 100. Fazer o bem é o que te move, é algo de dentro de você, pois; Judas, ao contrário dos que apresentamos aqui fez o caminhar inverso; seu fim não teve começos, ele simplesmente foi um fim em si mesmo. E como ele, muitas vidas só tem um fim em si mesmas. Davi era um coração sempre disposto a começar. E assim; é a vida sem começos no seu fim. Ela será apenas um fim! O “fim” de Jesus foi o maior de todos os começos, como uma semente caída no solo da existência humana produziu cem, duzentos e continua gerando novos começos, no sentido de que estes novos começos, batam o martelo, no sentenciamento do fim.

Autor: 

Pr. Claudinei Telles dos Santos

Palavras-chave: Educação; Pedagogia; Libertação; Oprimido; Paulo Freire; Leonardo Boff; Teologia

ii 1ª Timóteo 6:10.
iii Eclesiastes 1:18.
iv Eclesiastes 1:11.
v Eclesiastes 2:01.
vi João 8:1-11.

Claudinei Telles
Telles
O autor é mestrando em Educação. Filósofo, Teólogo, Pedagogo, licenciado em Letras, Historiador. Neuropsicopedagogo, Orientador Educacional, Psicopedagogo, Especialista em Ciência da Religião, Especialista em Teologia Bíblica. Atuou como Teólogo (Igreja Batista), além de Professor de Teologia. Também, é autor do Livro: "As Quatro Estações e a Vida Cristã (períodos Ciclicos) Entre eu e Deus. Editora: Autografia, Rio de Janeiro, 2024.

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