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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Procedimento recente no Brasil diminui a dependência do uso de medicações em até 80% dos pacientes

TIF foi estudado por dois anos pelo Hospital das Clínicas da FMUSP e teve eficácia comprovada

São Paulo, outubro de 2023. O TIF – Fundoplicatura transoral sem incisão, é um procedimento endoscópico capaz de reduzir a dependência do uso de medicações em até 80% dos pacientes, melhorando a sua qualidade de vida. A técnica previne o avanço da doença do refluxo gastroesofágico, através do controle de seus sintomas, como pirose, regurgitação, dor torácica não cardíaca e sintomas respiratórios. É um procedimento já consolidado nos EUA e Europa, que vem sendo utilizado desde 2007, mas no Brasil somente a partir de 2021.

Para comprovar a eficácia da técnica, foi realizada uma pesquisa dentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Durante dois anos, avaliamos a efetividade e segurança do procedimento, que foi feito dentro de um protocolo de pesquisa, aprovado pela comissão de ética do HC. Com isso, foi possível constatar que não houve nenhum evento adverso grave e que a técnica é realmente segura e eficaz para a proposta apresentada”, comentou o Dr. Eduardo Moura, Diretor do Serviço de Endoscopia Gastrointestinal do Hospital das Clínicas da FMUSP. 

Quando a cirurgia convencional é empregada para tratar o refluxo gastroesofágico, o segmento distal do esôfago é envolvido por uma parte do estômago, chamado “fundo gástrico”, formando uma válvula anti-refluxo, recebendo o nome de fundoplicatura. O tratamento endoscópico tem um resultado extremamente adequado para os pacientes que não têm hérnia de hiato ou uma hérnia menor do que 2 cm. Já para os pacientes que têm uma complicação em decorrência do refluxo, por meio de úlcera, esôfago de Barrett, estenose e hérnia hiatal de grandes proporções, habitualmente irão se beneficiar da cirurgia. 

“A doença do refluxo gastroesofágico é uma afecção de grande importância médico-social pela elevada e crescente incidência e por determinar sintomas de intensidade variável, que se manifestam por tempo prolongado, podendo prejudicar a qualidade de vida do paciente”, explicou Moura. “Estima-se que 40% da população na fase adulta, apresenta refluxo gastroesofágico. Aproximadamente 10% diariamente e 30% de forma semanal ou mensal. Portanto, uma parcela significativa da população brasileira, poderá vir a se beneficiar com o procedimento TIF”, completou.

Os inibidores da bomba de prótons, que são os medicamentos mais potentes para redução da produção de ácido gástrico, normalmente constituem o tratamento mais eficaz para o refluxo gastroesofágico. Mas esse bloqueio da formação do ácido, faz com que a pessoa não tenha mais sintomas do refluxo, pois não terá o ácido agredindo a mucosa do esôfago e isso não quer dizer que tratou a doença, apenas que se desfez dos sintomas. O intuito do TIF é que o paciente não faça mais uso de medicamento, ou se necessário, que seja feito de forma espaçada, pois o objetivo é coibir o refluxo gastroesofágico.

Antes de se propor um tratamento endoscópico, cirúrgico ou até mesmo medicamentoso, é necessário entender a causa do refluxo no paciente. “Temos que avaliar se a pessoa tem uma dieta correta, se mastiga bem os alimentos, evita líquidos durante as refeições, se caminha após comer, se é fumante ou elitista e se tem uma dieta em que abusa de gorduras e doces, se é portador de diabetes, etc”, pontuou Moura. “Existe uma grande gama de situações a serem avaliadas previamente ao tratamento. Corrigindo essas falhas, muitas das vezes controlamos de uma maneira mais fácil a doença do refluxo e suas consequências”, finalizou.

Sobre o Dr. Eduardo Moura

Diretor do Serviço de Endoscopia Gastrointestinal do Hospital das Clínicas da FMUSP, Professor Livre-Docente do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP, Orientador do Programa de Pós-Graduação em Ciências em Gastroenterologia da FMUSP, e Supervisor do Programa de Residência Médica em Endoscopia da COREME-FMUSP.

Autor:

Vinícius Zentner

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