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terça-feira, 23 de julho de 2024

A busca por profissionais talentosos e de alto desempenho – Navegando nas águas da contratação no mercado atual.

Um dos maiores desafios enfrentados por equipes de RH dos mais diversos segmentos tem sido encontrar bons candidatos para ocupar funções nas empresas. Isso porque a busca por um colaborador talentoso e que se identifique com os valores da empresa, além de ter os conhecimentos técnicos adequados, não é uma tarefa fácil.

Para dificultar, a escassez de talentos em 2023 foi comprovada. Uma consultoria de gestão de pessoas dos Estados Unidos, chamada ManpowerGroup, fez um levantamento em 41 países, incluindo o Brasil. O estudo mostrou que 80% dos empregadores têm dificuldades para encontrar profissionais acima da média no mercado.

No ranking, o Brasil ficou na 13ª posição entre os países que mais apresentam dificuldades, empatado com França e Bélgica. A diretora de gestão estratégica de pessoas da ManpowerGroup, Wilma Dal Col, destaca que as principais dificuldades estão ligadas a soft skills: “Posições de atendimento, vendas e marketing [que exigem boa comunicação], somadas, respondem por 50% da falta de talentos. É um percentual maior que o do setor de TI, com 38%”.

A pesquisa mostra que os recentes processos seletivos a estão valorizando competências e habilidades pessoais que vão além das técnicas, ou seja, ligadas à comunicação, à resiliência e à adaptação. No mercado de trabalho, ser talentoso está intrinsicamente ligado a saber gerir as soft skills para, inclusive, equilibrá-las com as hard skills.

Então, a principal diferença entre ser talentoso e ter alto desempenho está ligada a habilidades comportamentais? Podemos dizer que sim, mas não é tão simples. Definir alguém talentoso está ligado ao quanto de valor esse profissional entrega para a empresa, mas também está relacionado a entregas acima da média – em qualidade e rapidez – ou seja, alto desempenho.

A questão é que, na maioria das vezes, esse desempenho só é completamente medido na rotina profissional, isso é, depois que a pessoa é integrada à empresa. Ser um “talento” é relativo de acordo com cada negócio e função, porém o que as equipes de RH buscam, ao avaliar soft skills com mais afinco, é justamente acertar na escolha de profissionais que sejam talentosos e tenham desempenho alto.

Isso quer dizer que as empresas estão deixando de lado o currículo ou as habilidades técnicas para a contratação? Não é bem por aí.

O cenário mostra que a retenção de talentos tem sido um campo de muito investimento e que as organizações estão preferindo formar os profissionais internamente.

Conquistar profissionais qualificados dentro da organização é vantajoso, pois a rotatividade de pessoal, ou turnover, gera altos custos, divididos entre um novo processo seletivo, on-boarding, treinamentos e perda de produtividade.

Um estudo realizado em 1996, na State University of New York, já comprovou que investir e melhorar as capacidades dos membros da própria organização gera maior conhecimento, motivação, sinergia e comprometimento. O autor, Brian Becker, professor e chefe do departamento de Recursos Humanos da universidade, percebeu que essas ações resultam uma fonte de vantagem competitiva sustentada para a empresa.

A pesquisa e as iniciativas recentes em gestão de RH mostram que o alto desempenho também ligado ao talento, mas é resultado, principalmente, de uma formação voltada para o desenvolvimento de habilidades e competências que contribuam para o coletivo. Por isso, o trabalho em equipe exige eficiência, mas, acima de tudo, alinhamento em torno de um mesmo objetivo — o sucesso da empresa.

O desafio de chegar a esse nível de excelência é o que deve manter gestores e RH atentos à qualidade do ambiente de trabalho e a satisfação pessoal de cada um. Em um clima organizacional favorável ao crescimento, a tendência é que a equipe se sinta mais engajada e pertencente.

Identificação é a chave para o match perfeito

Quando o profissional se identifica com os valores da empresa e com o cargo em si, tende a querer permanecer na organização e crescer dentro dela. Para um talento, a busca por excelência sempre será um caminho para motivação.

Idalberto Chiavenato, no livro “Gestão de Pessoas: o novo papel dos Recursos Humanos nas organizações”, lista cinco fatores que geram satisfação ou motivação em um cargo:

  1. a pessoa utiliza várias habilidades e competências pessoais na execução das tarefas; 
  2. o profissional exerce certa autonomia, independência e autodireção na execução das tarefas;
  3. produz algo significativo e com sentido ou razão de ser;
  4. sente-se pessoalmente responsável pelo sucesso ou fracasso das tarefas, em função de seus próprios esforços;
  5. perceba e avalie o seu próprio desempenho enquanto executa o trabalho, sem intervenção de outras pessoas.

Podemos perceber que, dentre esses elementos, há soft skills e hard skills, que podem ser aprimoradas por meio de uma boa gestão de RH. O ideal é entender se o colaborador gosta do que faz e se tem aptidão para outra função/cargo, que possa exercer com excelência.

Em funções de atendimento ao público equipes de RH e de comunicação interna têm investido em iniciativas interessantes. Os colaboradores da Hotelaria Accor, por exemplo, se tornam hóspedes por um dia, para sentirem a experiência do atendimento da empresa. É a máxima “trate os outros – nesse caso, atenda – como gostaria de ser tratado”.

Colocar-se no lugar do outro, buscando empatia e resiliência, é uma das principais atitudes trabalhadas por equipes de gestão e RH para aumentar o desempenho e a qualidade de entregas, principalmente em funções voltadas ao atendimento.

Outras iniciativas que costumam beneficiar a equipe e contribuir para aumento de performance e redução de turnover são: benefícios diferenciados, feedbacks contínuos, transparência na comunicação e desenvolvimento de lideranças. Aliando, dessa forma, talentos e profissionais de alto desempenho.

Autora:

Vanessa Lobão Veras – é formada em Psicologia e especialista em recursos humanos e employer branding, com mais de 20 anos de experiência em grandes empresas e é natural de Santos SP.

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