17.3 C
São Paulo
sexta-feira, 26 de julho de 2024

África: Rumo a um Futuro de Oportunidades e Desafios

O futuro da África depende de certos fatores, do desenvolvimento econômico, da demografia, das políticas governamentais, bem como das intervenções internacionais, influenciando o caminho traçado pela Africa.

A Evolução dos paradigmas de desenvolvimento, debates metodológicos e perspectivas, foram base de discussões e debates de intelectuais, no quadro dos encontros da cimeira da União africana, do G20, ou recentemente em Cuba, G77 e China, partindo do conceito que África constitui uma potência, capaz de liderar e governar o mundo a partir de 2050,  face às críticas, zombos ou preconceitos alheios.

Conforme a palavra do secretário Geral da ONU, António Guterres, executivo da Organização  e comunidade internacional, na margem da 36ª cimeira da União Africana em Adis Abeba, 18 de Fevereiro 2023, referindo-se ao continente africano no século XXI, numa visão otimista, de posição e perspectivas.

 Tais previsões não são uma mera profecia, mas sim uma realidade, dado o pressuposto da Nigéria, daqui 27 anos, a tornar-se o terceiro país mais populoso do mundo, depois da Índia e China,  ultrapassando assim os Estados Unidos da América.

Quem não entendeu o verdadeiro conflito entre o Ocidente americano, os Tigres Asiáticos e os países europeus, fora do contexto imperialista ocidental, é difícil entender a lição e o papel da África no processo do desenvolvimento  internacional e equilíbrio planetário.

 África é o berço da humanidade, dentro de anos vai passar a ser o futuro do mundo, e para isso que as próximas gerações foram convidadas para assumir a responsabilidade, face ao roubo e dilapidação de recursos naturais e cobiças estrangeiras, ameaçando e atrapalhando qualquer estabilidade e paz duradouro na região.

Neste contexto, o Marrocos não escondeu a sua crítica aos africanos sobre o autocontrole e tomar o próprio destino, num projecto africano, sul-sul, que o preserva e as conquistas e independências dos imperialistas ocidentais, cujo objetivo tem sido empobrecer e deslocar as forças e gerações africanas.

Perante isso, a França criticou o Marrocos, um verdadeiro concorrente na África, mobilizando todos recursos diplomáticos e mediáticos para obstruir as iniciativas dos interesses do reino na África.

A França não poupa assim nenhum esforço para mover as rodas da máquina contra a propaganda dos adversários, sobretudo da Argélia, seus complexos psicológicos e interesses alheios ao encontro das iniciativas de Marrocos soberanas, num contexto de guerra midiática, cujas moscas eletrônicas, destrutoras do continente e seus recursos, levando doenças.

Para Marrocos, o Sr Macron, Presidente da França tem travado ações e manobras de guerra contra a China, por um lado, mas ela menosprezou também adversários históricos, graças às crises de golpes militares, camuflados nas manobras da “diplomacia da saúde”, em forma de ajuda humanitária e auxílio médico aos países africanos sob pressão militar ou ditatorial.

Sim, o Macron engajou uma política de pressão, e contrações econômicas, objeto de cancelamento ou impedimento de empréstimos aos países africanos, sob pretexto de conflitos comerciais, abrindo caminho ao chines, maior credor de África, 20% do total da dívida externa dos governos africanos, praticamente, metade do total da dívida soberana africana dos governos estrangeiros.

Fato do cancelamento das dívidas dos países africanos pelo ocidente, apesar dos atos de corrupção e má gestão, consequência dos golpes militares, posicionando assim a China de dois níveis:

Primeiro, a nível financeiro, a China perdeu retornos financeiros devido a situação de instabilidade africana, da situação dos investimentos e da dívida objeto da moratória, e manobras europeias, consequências das restrições e bloqueios econômicos.

Segundo, a nível de governabilidade, os países africanos sofrem com a pressão  exercida, face às restrições e obrigações de empréstimos, pagando juros altos, à Europa ocidental e Estados Unidos, motivo que os torna frágeis e vulneráveis a qualquer intervenção estrangeira.

A França motivada pelo imperialismo ocidental, como força colonial, atua no contexto da exploração dos recursos naturais e riqueza. Face a China, como concorrente e adversário influente, não se considerou como uma instituição de caridade, porque qualquer dinheiro ofertado ou investido no continente conta com um retorno.

Para a China, África é um campo fértil, ela detém poderes de financiamento, oportunidades raras, para os investidores e as infra-estruturas, consequência do crescimento e desenvolvimento de algumas regiões africanas.

Duas razões explicam o objetivo dos empréstimos chineses na África, em termos de oportunidades, ameaças, desafios e aberturas:

A primeira razão, os empréstimos dirigidos são meios para exercer certa pressão sobre os países africanos, inflexionar  suas políticas e administração, sem recorrer ao Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, com base nas regras restritas e contra-produtivas.

Por sua vez, a China preocupa-se devido às condições dos países africanos, da situação socioeconômica, dos tamanhos dos empréstimos junto aos regimes militares, ditatoriais ou grupos radicais, sem qualquer democracia, governabilidade e estabilidade socioeconômica.

Para Pequim, os empréstimos tornam-se uma equação das políticas africanas, das empresas externas, aproveitando da mão-de-obra, dos recursos naturais, além dos países estrangeiros utilizando condenados e prisioneiros, caso do governo chinês, para trabalhar na África, em troca de salários reduzidos, e penas ou condenações reduzidas.

Assim, a China tornou-se nos últimos anos o credor potencial, qualquer capital emprestado de forma competitiva, comparado com os países ocidentais, atrai ainda mais os africanos e aprofunda os laços sino-africanos.

Mas, a questão que se coloca é porque a China corre este risco de emprestar dinheiro a um custo menor, num contexto concorrente para com os interesses ocidentais e europeus?

A resposta a esta questão tem um lado económico e outro político, estratégico.

Economicamente, a China preocupa-se com os  investimentos financeiros, os devedores no contexto das cláusulas de segurança, de apólice de seguro, quando falha o pagamento do empréstimo ou juros, consequências de uma moratória.

A China pode exigir as matérias-primas em troca de não pagamento dos empréstimos. Tais exigências sobre os empréstimos que inundam os países africanos tornaram-se manobras ideológicas e planos geoestratégicos para europeus na África.

Desde que Xi Jimping chegou ao poder em 2012, grandes ambições chinesas passaram a se inserir na nova ordem mundial a título de potência econômica dominante. Permitindo a África  a independência e autonomia, em parte na tomada de decisão. Para isso, Africa deve travar uma luta para conquistar os corações dos africanos, mudar a  visão negativa, condenar  os invasores, usurpadores e manipuladores com aço, pelos roubos de ouro e riqueza africana.

 Pequim aproximou-se da África desde a pandemia de Corona 2019, estendendo a mão para salvar os africanos, apesar do vírus mortal ter sido obra da China. Ao contrário dos países ocidentais, a China, mesmo não tendo um passado colonial na África, ganhou o terreno; o complexo do antigo colonizador ocidental só aumentou ainda mais a concorrência acirrada e geoestratégica, por uma parte os chineses, por outra parte, os europeus e americanos.

Lembrando que a China venceu a Terceira Guerra Mundial contra a América sem disparar uma única bala. Embora as abordagens tenham mudado de um a outro,  em 2017, a China estabeleceu a sua primeira base militar na África, Djibuti, em Etiópia, até então, contra o comportamento dos americanos na construção de bases militares.

Djibouti detém muitas bases militares. A exemplo da base americana, francesa, italiana, japonesa, ou ainda da base indiana em curso.

Finalmente, o papel dos empréstimos financeiros é importante, tendo por objetivo apoderar-se das matérias-primas, antes  das bases militares, almejando assim o futuro do mundo a ser determinado na África, a título daquilo que não compreende esta conclusão está a viver fora da história!

Autor:

Lahcen EL MOUTAQI. Professor universitário, Rabat, Marrocos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio