Crise energética no Brasil

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Fonte: Aneel

O Brasil tem sua matriz energética baseada em hidrelétricas. Justifica-se tal fato pela quantidade de rios lênticos e lóticos que percorrem uma malha complexa e generosa, que faz do Brasil um país rico em recursos hídricos. É fato também que não estamos cuidando bem dos nossos recursos hídricos. Muitos rios poluídos, com suas matas ciliares deteriorada. Muitas políticas adotadas ao longo dos anos foram capazes de destruir a mata ciliar (matas essas que acompanham as margens dos rios). É sabido o papel das matas ciliares na proteção da qualidade e quantidade água. Assim mesmo o Brasil, por ignorância ou por interesses escusos, sacrificou esse suporte, ao longo dos anos, refletindo hoje em diminuição dos volumes de águas em alguns dos principais rios do Brasil.

Outro marcante problema é a rede de transmissão extremamente complexa, considerando o tamanho do Brasil. A transmissão de energia elétrica tem como objetivo gerar eletricidade até os responsáveis pela entrega (que são os distribuidores) para os clientes. Esses dois grupos (transmissão e distribuição) são regulados pela ANEEL e são considerados monopólios naturais, visto que uma competição entre empresas do setor não traria quaisquer benefícios para a sociedade.

De modo geral, o mercado de energia elétrica tem alguns números base: 60 % da geração de energia elétrica é produzida através de hidrelétricas; 85 % das unidades de consumo são residências e 35 % do consumo de energia é feito por indústrias

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Associado a essa ênfase em hidrelétricas, tem-se a dinâmica climática com padrões de falta de chuva, em diferentes momentos, provocando incertezas e necessidade de planejamentos para evitar esses colapsos frequentes. Ressalte-se que a falta de chuva prolongada reflete na diminuição da produção de energia, que depende dos reservatórios cheios para que tal aconteça.

Também a população brasileira foi crescendo e pressionando os recursos hídricos, diante da necessidade de água para diferentes atividades do ser humano. Muitas pressões surgiram! O clima não ajudou ou o homem não se ateve a planejar a necessidade da água apoiada em uma única matriz energética?

Todos os anos tem-se os chamados bloqueios atmosféricos, que afeta grande parte do território brasileiro, impedindo a entrada de frentes que poderiam ajudar na regulação da chuva. Esse período que se estende de julho a setembro de cada ano, faz com que a umidade relativa baixe, impossibilitando a formação de nuvens. Sem nuvens não há chuva! Esse bloqueio atua como uma “tampa” impossibilitando a ocorrência de chuvas. Os pesquisadores do INPE, FUNCEME, SIMEPAR, INMet, tem conhecimento dessa dinâmica. São órgãos que poderia dar suporte aos gestores públicos (municipais, estaduais e federal). Não é assim que funciona. Há uma sensação de amadorismo ou descaso, deixando-se que o problema se agrave a cada ano.

Outro evento importante é a ocorrência de La Niña. Esse fenômeno está associado ao resfriamento das águas do oceano Pacífico tropical. Quando da ocorrência desse evento, a região sul e sudeste sofre consequências, com a diminuição de chuvas. É nessas regiões que estão os rios mais importantes em termos de geração de energia. É também as regiões onde estão concentradas as maiores populações do país. Essa população pressiona o sistema hídrico para sua higiene, para cozimento dos alimentos, para a lavagem de carros, calçadas, dentre tantas utilidades.

Muitas outras dinâmicas climáticas são importantes para que os gestores brasileiros pensem em alternativas aos problemas que se repete sistematicamente. A crise energética do Brasil é marcada por fatores políticos, econômicos e ambientais. Esses fatores estão diretamente relacionados com a dificuldade do país em manter seu abastecimento de energia.

Essas crises geram a deterioração da economia e o aumento de custos para o consumidor. Com esse cenário, o poder público tem adotado algumas medidas para incentivar a diminuição do consumo de energia pelos brasileiros. O problema é que, ao passar a crise, se esquece de tudo, de todos os problemas advindo dessa crise.

Em 2001 ocorreu o famoso apagão, ou seja, uma grave crise de energia que os brasileiros tiveram que administrar. A escassez de chuvas no território brasileiro, assim como a ausência de investimento em produção de energia resultaram em problemas, com prejuízos generalizados. Mesmo após o apagão de 2001, o Brasil continua muito dependente da fonte hidráulica de energia. Esse foi (ainda é!) o momento de repensar a matriz energética brasileira. O Brasil é um país de dimensões continentais, está localizado em uma região essencialmente tropical, ou seja, com muita energia solar o ano inteiro. Essa poderia (deveria) ser uma fonte alternativa de energia a ser utilizada e competindo com as hidrelétricas.

Só nos últimos anos tem-se investimentos importantes para geração de energia por fontes alternativas. Outra matriz alternativa é a energia eólica, que o Brasil também pode explorar com mais ênfase. Na realidade há muitas fontes de energia que o Brasil ignorou ao longo dos anos, deixando que o Brasil novamente passasse por situações como a que ocorreu em 2001 e penalizando a sociedade com uma energia mais cara e que polui mais a nossa atmosfera.

São muitas as crises energéticas pela qual o país passou:

  1. Apagão de 2001: ocorreu justamente durante a crise energética vivenciada pelo Brasil no início do século. Foi provocada pelo rompimento de linhas de transmissão de energia. Atingiu o centro-sul do Brasil.
  2. Apagão 2009: atingiu boa parte do Brasil e do Paraguai. Houve uma falha nas linhas de transmissão da usina de Itaipu que abastece os dois padrões.
  3. Apagão 2011: atingiu o nordeste do Brasil. Ocorre uma falha em subestações de energia nordestina. Estima-se que, aproximadamente, 50 milhões de pessoas tenham sido atingidas pelo apagão.
  4. Apagão 2013: atingiu o nordeste brasileiro. Ocorreu em função de queimadas que atingiram linhas de transmissão de energia no território nordestino.
  5. Pagão 2018: atingiu com maior intensidade o norte e nordeste do Brasil. O blecaute foi provocado por falhas nos sistemas de transmissão de energia. Estima-se que 90 milhões de pessoas foram atingidas por esse apagão.
  6. Apagão 2020: também conhecido como apagão Amapá. Foi provocado por um incêndio em uma das principais estações de distribuição de energia amapaense.

Principais consequências desses apagões foram (e são!) econômicas, políticos e ambientais. No âmbito econômico, os cortes de energia contribuíram para a perda do dinamismo da economia, com perdas importantes na esfera econômica, tais como queda na produção industrial, paralisação das atividades produtivas, aumento dos custos fabris, perda da competividade econômica e aumento do desemprego, dentre outros.

Na esfera política, ocorre o desgaste da imagem dos presidentes da república. O país fica com a imagem deteriorada no exterior, por não saber lidar com a crise de maneira efetiva.

Mesmo com todos os impactos gerados pelo apagão de 2001, por exemplo, não houve mudanças significativas na matriz elétrica do Brasil. O país continua extremamente dependente da fonte hidráulica para a produção de energia. Ademais,nos últimos anos, o investimento em geração e transmissão de energia foi muito pequeno, mesmo com a ampliação do uso de fontes como a solar e a eólica. Logo, tornam-se necessários investimentos de expansão, modernização e diversificação da matriz elétrica brasileira para que os apagões não se repitam.

Também falta esclarecimento a população para economizar a água e a energia. Mesmo que as crises passem, o governo deveria incentivar a população a economizar esses recursos que são tão necessários para o desenvolvimento do país e para o bem estar da população brasileira.

Autor:

Jonas Nery

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