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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Relações Marrocos-Áfricas, um foco sobre a situação

Por muitas décadas, as relações entre Marrocos e África teriam sido vistas como desinteressantes, ou até inexistentes para alguns, enquanto outros  consideram a política africana de Marrocos como uma diplomacia de nicho, e qualquer  tentativa de integração, condenada ao fracasso.

Mas hoje é bem diferente.

A dimensão da identidade e diplomacia de Marrocos para com o continente africano parece como uma evidência  e um sucesso.

A África tem sido sempre no centro das escolhas estratégicas de Marrocos, o Reino nunca deixou de reafirmar a sua identidade africana desde a sua independência. Através da consolidação das suas relações políticas e estabelecimento de parcerias diversificadas e frutuosas.

O Marrocos tem sempre atribuído uma importância primordial ao desenvolvimento das suas relações com os seus congêneres africanos, fiel aos profundos laços históricos mantidos com estes países.

A relação Marrocos-África tornou-se também uma prioridade da política externa, ao ser inscrita no preâmbulo da recente Constituição de 2011.

Relação Marrocos-África: um espírito de parceria ganha-ganha?

Desde o início do reinado de Mohammed VI, o Marrocos tem multiplicado iniciativas e ações, visando a promover a cooperação com seus parceiros africanos, elevando-a ao patamar de uma verdadeira parceria ao serviço do progresso do Continente e do desenvolvimento econômico e humano.

Desde então, as relações Marrocos-África conheceram uma nova dimensão, inscrita numa visão de longo prazo, apoiada nas virtudes da cooperação Sul-Sul, e no imperativo do desenvolvimento humano, bem como no estabelecimento de relações económicas equitativas, justas e equilibradas.

E nos últimos dez anos, a estratégia de Marrocos em relação ao continente africano não se baseou apenas no crescimento do comércio e aumento do investimento, mas conseguiu ultrapassar os desafios económicos, as considerações históricas, humanitárias e ambientais.

Aproveitando a ocasião da 28ª cimeira da União Africana em 2017, para que o Marrocos  reintegre a organização pan-africana, um regresso ao ambiente natural, geográfico e humano,  considerado como um sucesso diplomático, depois de uma ausência que  causou muitos prejuízos, servindo  os interesses dos adversários. Mas, apesar desta ausência orgânica no seio da União Africana, Marrocos, fiel à sua história secular e ao seu próprio dinamismo, soube restabelecer suas relações benéficas com seus vizinhos fronteiriços no sul.

De facto, a sua posição geográfica na encruzilhada da África, do Mediterrâneo e da Europa, permitiu a Marrocos desempenhar um papel preponderante no tabuleiro de xadrez africano, mantendo um elo essencial nas relações África-Europa.

Além disso, este regresso significa também a integração de Marrocos ao continente e sua implantação como potência africana, em relação à sua identidade própria e seu espaço de projeção. 

Tendo em vista as informações econômicas e políticas, bases da relação Marrocos-África, pode-se dizer que o Marrocos tem reais oportunidades na África e no continente. Beneficiando de experiências, de ajuda e de investimentos para assegurar o desenvolvimento em muitos setores.

Uma verdadeira relação de complementaridade e interdependências podendo se criar. Dada  uma correlação entre as experiências dos setores marroquinos, exportadores e das exigências da África para o seu desenvolvimento.

O Marrocos dispõe dos meios técnicos e financeiros, e  conhecimentos necessários, oferecendo os serviços do qual África tanto necessita, propondo uma oferta adaptada às necessidades específicas de alguns países em processo de desenvolvimento, com base na longa experiência marroquina do desenvolvimento.

A nova dinâmica das relações entre Marrocos e África

Fazendo uma retrospectiva, três grandes períodos caracterizaram as relações entre Marrocos e África.

Primeiro período sob o rei Mohamed V, marcado por uma parceria fortalecida com os países africanos no esforço de luta anticolonial, e espírito de cooperação.

E o segundo, sob o período do falecido Rei Hassan II, caracterizado com o surgimento de tensões e esfriamento de relações com a África, tendo como principal causa a guerra de independência da Mauritânia, a guerra contra a Argélia e o dossiê do Saara Ocidental.

Além da rivalidade Leste-Oeste, 1975, afetando também as relações Marrocos-África, ao longo desse período. Nesta região ocidental, Marrocos opôs-se ideologicamente aos países socialistas da África, caso da Angola, Benin, ou ainda da Argélia.

Assim, o Reino aproximou-se aos países pró-ocidentais da África, face aos países do campo comunista.

Quanto ao período atual, caracterizado por um aquecimento das relações com a implementação de Marrocos de inúmeras estratégias com os seus parceiros africanos, visando o estabelecimento de uma cooperação económica efetiva.

Nos últimos anos, a visão renovada da cooperação Sul-Sul tem se baseado na multiplicação de ações, voltadas para os países africanos. Uma vez que as turnês reais têm sido pontuadas pela assinatura de acordos e lançamento de projetos promissores nas áreas de infraestruturas, de habitação, de eletricidade, de água potável e saneamento, proteção ambiental, desenvolvimento de competências, etc.

Impulsionado pelo apoio às empresas nacionais, públicas ou privadas, base dos projetos que contribuem substancialmente a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos africanos.

Esta preeminência real sobre a política externa tem desempenhado um papel central nesta diplomacia bilateral, bem-sucedida e multissetorial sobre a relação Marrocos-África. De fato, o Marrocos tem demonstrado que a defesa de seus interesses não foi incompatível com a expressão de solidariedade, uma vez que o Marrocos tem sido acusado ao longo de muito tempo de defender seus interesses territoriais em detrimento de uma visão de solidariedade para com África.

Autor:

Lahcen EL MOUTAQI. Professor universitário- Rabat, Marrocos

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