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terça-feira, 11 de março de 2025

Traumas (de) infância ou traumas (na) infância? “seja adulto”!

Sempre leio e ouço, de profissionais de psicologia e de psicanálise, coisas do tipo: “A criança que não é amada e vive sob ameaças e agressões, não aprende a amar e sim a se defender e mesmo a reproduzir, na vida adulta, as agreções, sendo incapaz de amar.”. Eis uma de muitas frases deterministas na psicologia acadêmica, de cursos de psicanálise e de terapêutas que, infelizmente, tão pouco nos orienta. Eis uma frase que não condiz à realidade humana, tão complexa. Há crianças que, por não serem amadas, e sim, tratadas sob agressão e ameaças, sentindo medo constantemente, crescem e amam como pouquíssimas pessoas são capazes. Nem sempre a afirmação de que “só se pode dar daquilo que se tem” está certa, pois o amor, por exemplo, em grande parte das vezes, é uma “dádiva ofertada por quem jamais a recebeu de pessoa alguma”. Não são raras as vezes em que a importância de algo é entendida melhor pela falta deste, como no caso de alguém que, por ter passado fome durante tanto tempo, estende mais facilmente as mãos ao faminto. É um erro aformar que a maioria dos problemas na vida adulta se deve a traumas na infância, que é na infância que a personalidade se define. Na realidade, esse conceito já está ultrapassado, devido as mais recentes descobertas em neurociências, mais propriamente sobre a chamada “plasticidade neural”, além de estudos em outras áreas, em contextos inter e transdisciplinares. É preciso entender que traumas NA infância nem sempre resultam em traumas DE de infância, e que, o ser humano, não é dividido; somos um ser que se desenvolve desde a infância, sem uma fase de estruturação plena da personalidade, de maneira que, o predominio em nossa personalidade, se deve não ao que se vive na infância, simplesmente, mas ao que chamo de “herança psico-genética”, isto é, “tendêbcias comportamentais herdadas”. Porém, nem mesmo tal coisa se refere à uma “estrutura neuro-psíquica definitiva”; somos, em diferentes graus, moldáveis, ao longo de toda a nossa vida, de maneira que, nenhum adulto, tem razão de, mantendo-se “paralisado frente à existência”, isto é, em um “vicioso círculo existêncial” -como um “Narciso, olhando, fixamente, à própria imagem no espelho d’água, confundindo o momento traumático com a realidade dos fatos atuais”- culpar à infância que teve. Certamente que, tudo que vivemos desde a infância, continua fazendo parte de quem somos, mas não tem o poder de definir quem haveremos de ser. “O amanhã de cada instante está sob a nossa responsabilidade consciente… Temos tendências -boas e ruins- mas não deterninações. Sendo assim, erga a cabeça, enxugue os olhos e “seja adulto”!

Autor:

Cesar Tólmi – Psicanalista, filósofo, jornalista, artísta plástico autodidata, escritor e idealizador da Neuropsiquiatria Analítica, com integração dos campos clínico, forense, jurídico e social.

cesartolmi.contato@gmail.com

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