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sábado, 24 de agosto de 2024

Andorinha

Todos haviam partido.
Fiquei só, olhando à minha volta.
As laterais da quadra inseridas numa imensa floresta.
Perto da arquibancada,
um buraco de terra desnuda.

Andorinhas singravam os céus.
Uma delas, num voo rasante, entra num pequeno buraco.
Como um gato, escalei o perigo.
Enfiei todo meu antebraço direito
até sentir suas penas macias.
Calor e aconchego. Era seu ninho.

Fechei minha mão suavemente,
aprisionando seu excitado coração.
Instantes de dor e de paixão.
Refleti!
Eu querendo-a para mim.
Ela querendo a liberdade.

Paradoxo. Ela, meiga e carinhosa.
Eu, o mais terrível dos predadores.
Não ia dar certo. Éramos de reinos diferentes…
Abri a mão e dei o impulso.
Restou o céu azul da liberdade.

Autor:

Jaeder Wiler

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