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domingo, 25 de agosto de 2024

Mostra “Arquipélago”, da artista visual Flavia Renault, reflete sobre deslocamentos e transitoriedade da vida no Centro Cultural Correios São Paulo

Mostra remete ao questionamento – tão inquietante quanto sem resposta – sobre o que se carrega quando se deixa tudo para trás 

A artista visual Flavia Renault apresenta a mostra solo “Arquipélago”, a partir do dia 01 de abril de 2023 (sábado), das 11h às 16h, no atrium do Centro Cultural Correios São Paulo (CCCSP), no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Com curadoria de  Paula Braga, é a primeira vez em que a artista apresenta “Arquipélago”, projeto que nasce da reflexão sobre os deslocamentos forçados, o abandono das casas e da vida, a urgência da sobrevivência vivida por refugiados no mundo. 

No vernissage, acontece uma performance, às 15h. Nela, a artista costura galhos de árvore nas suas vestimentas, criando uma simbiose entre humano/natureza e cultura/comportamento, num jogo entre dor e força.  

Mais de 50 malas, em tamanhos e tipos diversos, estão saturadas por fotografias antigas, coleção de livros sobre a história do Brasil, pedras e cristais, documentos pessoais, cúpulas de lustres, enciclopédias, ex-votos, santos e imagens religiosas, bulbos de plantas, dentre tantos outros pertences da artista. Dispostas no chão, as malas endossam o sentido do deslocamento, da transitoriedade; e seu conjunto, como obra basilar da exposição, chega à medida de 25 x 8 metros. Abertas, entreabertas e fechadas, as malas carregam e tentam dar ordem ao que está desordenado, ao que se juntou ou ao que não se quer desfazer. 

Nas paredes, será exposta uma seleção especial de trabalhos, criados a partir de documentos de família, com intervenção de colagens e desenhos, que também integram memórias e coleções acumuladas ao longo de uma vida. Apresentá-los como parte desse projeto simboliza a possibilidade desses documentos receberem novos destinos, assim como nós. 

“É coisa demais para ter dentro de si, e o mundo há de ser confiável como parceiro de reparação de muitos horrores. Nas malas do arquipélago montado no prédio dos correios há livros de história e, se é possível narrar, é possível pensar sobre o trauma de uma sociedade que vira e mexe recai nos mesmos erros. Ainda é tudo muito presente e repetitivo”, afirma a curadora Paula Braga no texto crítico.    

Sobre a artista  
Flavia Renault nasceu em 1971 no Rio de Janeiro/RJ. Vive e trabalha, desde 1975, em São Paulo/SP. Graduou-se em Artes Plásticas pela FAAP-Fundação Armando Álvares Penteado, em 2001. Neste mês de abril, também participa da coletiva O que ancora, na Samba Contemporânea/RJ. Em fevereiro, participou da coletiva Origem, no Espaço La Salvage/SP. Participou da coletiva “Ar: Acervo Rotativo” (Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, 2021) e fez sua individual “Territórios” (Atelier 284, São Paulo, 2022). A exposição de fotos do seu “Projeto Contornos” (1996-1997) aconteceu no mezanino do Centro Cultural Fiesp (São Paulo) e também na Casa Brasil (Santarém, Portugal). 

Durante os últimos anos, a artista vem se dedicando a entender o universo da criatividade, tendo desenvolvido um método único que mesclava arte, fenomenologia e antroposofia, tendo tido mais de 200 alunos de 2009 a 2019. Tem suas pesquisas dedicadas ao limiar e encontro da vida /morte e renascimento; desenhos de anatomia se misturam com morfologia de plantas e órgãos, formações geológicas, enfim, metamorphoses, transformações. Restos de papéis, documentos são recortados milimetricamente à mão tornando-se estalactites, mapas, nuvens e paisagens, bordados tornam- se cicatrizes, limites, bordas; objetos construídos de sobras, de gavetas vazias/velhas, de refugo encontrado nas caçambas, o abandonado/descartado ganha novos contornos, possibilidades e territórios; Flavia também possui uma variedade de coleções que vão desde documentos antigos, à perucas, de bulbos secos à criação de cogumelos. Suas pesquisas são embasadas também pela Antroposofia e pela Fenomenologia de Goethe, observação e estudos da natureza, em especial, plantas, nuvens e aves. Além disso, estuda profundamente a história do Brasil, tendo percorrido 58.000 km pelas fronteiras deste enorme país continente, numa expedição, e publicado dois livros a respeito desse percurso, num projeto conhecido como Contornos (1996-1997). 

Sobre a curadora  
Professora da Universidade Federal do ABC, na área de Filosofia da Arte e Estética, Paula Braga é bacharel em artes visuais e mestre em História da Arte pela Universidade de Illinois,  e doutora em Filosofia pela USP. Sua pesquisa de pós-doutorado em Teoria da Arte, na UNICAMP, investigou a arte da era das redes cibernéticas. Atualmente, seus projetos e publicações concentram-se em arte contemporânea brasileira e na pesquisa sobre arte e subjetividade, incluindo investigações no campo da psicanálise. Dentre suas publicações destacam-se os livros “Arte Contemporânea: modos de usar”, pela Editora Elefante, “Fios Soltos: a arte de Hélio Oiticica” e “Hélio Oiticica: singularidade, multiplicidade”, ambos publicados pela Editora Perspectiva. 

Sobre o espaço  
O Centro Cultural Correios de São Paulo (CCCSP) ocupa um grande terreno no Vale do Anhangabaú, coração do centro antigo da cidade. Divide 15 mil m² de área construída do Prédio Histórico dos Correios com a maior agência de Correios do país e um centro de distribuição domiciliária. A construção do Prédio foi iniciada em 1919 e a inauguração ocorreu três anos depois. Tornou-se um ponto marcante na paisagem urbana da capital paulista e fez com que a Praça Pedro Lessa ficasse mais conhecida como “Praça do Correio” do que pelo seu nome original. 

A agenda do CCCSP é diversificada, durante todo o ano. O público tem a oportunidade de prestigiar, gratuitamente, tanto artistas em início de carreira quanto os renomados, em local acessível e agradável no centro da cidade. 

SERVIÇO RÁPIDO 
mostra solo “Arquipélago” da artista visual Flavia Renault 
curadoria: Paula Braga   
abertura: 01 de abril de 2023 (sábado), 11h às 16h 
performance: 15h  
visita: 03-30/04/2023 (seg a sáb, 10h às 17h) 
local: Centro Cultural Correios São Paulo (atrium)  
vale do anhangabaú – centro – são paulo – sp  
01031-970  
como chegar:  Metrô – Estação São Bento, saída para o Vale do Anhangabaú;  
Automóveis – Embarque e desembarque são liberados no calçadão, com acesso pela Rua Capitão Salomão. Há estacionamentos públicos em torno do CCCSP 
Acessibilidade: Rota acessível, elevador e banheiro adaptados.  
site: www.correios.com.br/educacao-e-cultura/centros-e-espacos-culturais/centro-cultural-sao-paulo 
valor: gratuito 
faixa etária: livre 

redes sociais  
Flavia Renault: @flaviarenault_art 
Paula Braga: @paula.p.braga 
Centro Cultural Correios São Paulo: @correiosoficial 

Autor:

Erico Marmiroli

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