O recém-concluído 14º Congresso Nacional do Povo na China colocou uma forte ênfase na inovação, conforme destacado no Relatório de Trabalho do Governo apresentado pelo Premier Li Keqiang. O relatório descreve vários pontos-chave que orientarão a estratégia de inovação da China daqui para frente.
Em primeiro lugar, a China pretende alcançar a autossuficiência em tecnologia científica, reduzindo sua dependência de tecnologias importadas. Para conseguir isso, o país implementou políticas e mecanismos de financiamento para se tornar uma potência tecnológica. Desde o lançamento do programa ‘Made in China 2025’ em 2015, a China fez avanços significativos em inovação, subindo para o 11º lugar no Ranking do Índice Global de Inovação.
Em segundo lugar, a China continuará a priorizar pesquisa e desenvolvimento (P&D), principalmente em P&D básico, que representa mais de 6% do investimento em P&D da China, de acordo com estatísticas do governo.
Em terceiro lugar, a China está dando grande importância às startups e pequenas empresas por meio da promoção do empreendedorismo em massa e de uma série de programas para ajudá- los a inovar e digitalizar. Isso impulsionará a digitalização das PMEs, que é um componente crítico da estratégia de inovação do governo de Xi Jinping.
Em quarto lugar, a China está comprometida com a proteção ambiental e visa alcançar um crescimento harmonioso e sustentável. Para isso, alinhará a inovação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Em quinto lugar, a economia digital é um dos principais focos da estratégia de inovação da China. A economia digital da China totalizou US$ 7,1 trilhões em 2021, representando 39,8% do PIB total do país naquele ano. Notavelmente, o comércio eletrônico e o live-commerce têm sido fundamentais para levar a digitalização às áreas rurais nos últimos anos.
Finalmente, a China reconhece que o cerne da inovação científica e tecnológica está nos recursos humanos. O país se concentrará na formação de talentos para impulsionar a inovação, como enfatizou recentemente Wang Zhigang, ministro da Tecnologia da China.
A estratégia de inovação da China está bem alinhada com seus objetivos econômicos e ambientais. Com forte ênfase na autossuficiência, a China pretende se posicionar como um participante significativo na arena global de inovação.
Autora:
Dra. Renata Thiébaut foi pesquisadora da universidade da universidade de Harvard (2018-2020) e reside na China desde 2005. Hoje ela é diretora da empresa de consultoria Green Proposition, trabalhando com umas das maiores empresas de internet do mundo, o Alibaba e a Tencent, e é professora titular na GISMA University of Applied Sciences.
