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quarta-feira, 19 de junho de 2024

O Plano Cruzado I e II de José Sarney (1986)

Em 28 de fevereiro de 1986, o recém-formado governo Sarney lançava seu primeiro plano econômico (o Plano de Estabilização Econômica (PEE), que ficou conhecido como Plano Cruzado) em busca de controlar a alta inflação e recessão econômica herdada dos governos militares. O resultado, porém, foi o aumento da crise financeira brasileira, multiplicação da inflação e desemprego, prolongando a crise até que a mesma fosse estabilizada em 1994.

Nos primeiros meses de 1986, a inflação anual chegava ao valor de 517%, visto a atual situação do país, o presidente José Sarney solicitou a seu Ministro da Fazenda, o empresário Dílson Funaro, a criação de um plano de contenção e redução da inflação. Além de Dílson Funaro, a elaboração do plano também contou com a colaboração do Ministro do Planejamento João Sayad, Edmar Bacha, André Lara e Pérsio Arida.

O plano, que foi aprovado na Câmara dos Deputados por 344 votos a favor e 13 contra, consistia nas seguintes medidas:

  • Introduzir a nova moeda, substituindo o cruzeiro por cruzados, a conversão de cruzeiros para cruzados foi de mil cruzeiros para um cruzado.
  • Congelamento de preços de todos os mercados e comércios, sendo que qualquer civil poderia atuar como fiscal do governo, fiscalizando os comércios que não seguissem as medidas do Poder Executivo (os famosos fiscais do Sarney).
  • Conversão de todos os salários para cruzados.
  • Indexação de salários, sendo que seriam reajustados em uma escala móvel onde toda vez que a inflação acumulada alcançasse 20% o reajuste ocorreria.
  • Política cambial, onde a taxa de câmbio foi utilizada como âncora do sistema com valor inicialmente colocado a 13 cruzados e 80 centavos por dólar (este valor não era congelado, o Banco Central possuía livre arbítrio para alterá-lo.
  • Antecipação do salário mínimo, tentando incentivar o consumo de produtos entre a população.

O plano foi lançado sob o a propaganda de “inflação zero” e, devido ao congelamento de preços, a inflação foi drasticamente reduzida, porém, os comércios e empresários foram altamente afetados devido a esta medida que

a longo prazo era insustentável. A produção e transporte de vários produtos foi incapacitada, gerando escassez de produtos em mercados e comércios.

O presidente Sarney também falhou em cortar e controlar gastos públicos, sustentando a instabilidade econômica do país. Como o plano teve grande aprovação popular de início, os governantes decidiram não tomar as medidas impopulares que deveriam ser consideradas para controlar os gastos públicos, visando as eleições daquele mesmo ano (em que o PMDB, partido do presidente, elegeu enorme número de políticos no Senado, na Câmara de Deputados e governadores).

O plano fracassou, fazendo com que a inflação voltasse a crescer de maneira desenfreada já no fim daquele mesmo ano, fazendo com que em 21 de novembro de 1986 fosse lançado o Plano Cruzado II. Este segundo consistia nas seguintes medidas:

  • Liberação parcial de preços, produtos e serviços.
  • Reajuste de aluguéis.
  • Alteração do cálculo da inflação.
  • Aumento de impostos sobre produtos.
  • Aumento das tarifas de serviços públicos.
  • Aumento da carga fiscal.
  • Reindexação da economia.

A população teve de enfrentar um escape da inflação, onde o preço de vários produtos eram reajustados em um só dia, como energia, gás e gasolina. O aumento da receita tributária diminuiu o poder de compra populacional, desvalorizou a moeda e mais que dobrou a inflação de antes do primeiro plano econômico.

Autor:

Rodrigo Santana da Silva

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