Meu pai era professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, acompanhava seus residentes na Unidade Santa Clara na Santa Casa de Misericórdia. Lembro de uma homenagem prestada aos médicos do hospital no Anfiteatro Hugo Gerdau no mesmo hospital e da palestra do diretor financeiro da instituição e sai estarrecido com os dados. Não recordo de cabeça os números e nem anotei os anotei, mas seria como um exame qualquer custar R$ 100,00 e o SUS remunerar R$ 20,00. Durante a explanação ele foi sincero ao dizer que para equilibrar as contas os hospitais dependiam do atendimento aos convênios e particulares.
Lembrei do fato acima após ler a seguinte declaração do presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva nesta terça feira (13/12/2022): “Vejam a contradição, e não digam que eu sou radical. Eu faço exame todo ano e todo ano e o que eu gasto, eu desconto no Imposto de Renda. Portanto, quem está pagando o tratamento que nós temos, é o pobre que não tem direito.”
Lembro da socióloga Marilena Chauí fazendo um discurso tresloucado, destilando ódio contra a classe média, com Lula dando risada no palco. O que ele entende por classe rica ou média? Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em julho de 2022 o salário mínimo ideal para atender às necessidades de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 6.388,55. Caso Haddad siga seu chefe e acabe com a isenção dedução de gastos de saúde no Imposto de Renda, milhões de brasileiros irão deixar seus planos de saúde sobrecarregando ainda mais o SUS, o que acarretará uma piora no atendimento e uma quebradeira de hospitais.
Autor:
Marcelo do Vale Nunes
