Quem nunca se imaginou no lugar de um morador de rua, devia fazê-lo não apenas uma vez, mas exercitar-se em tal imaginação de maneira que ela passe a ocorrer-lhe naturalmente ao espírito com uma certa regularidade. Aqueles que só pensam em dinheiro e sucesso diriam que esse tipo de pensamento só atrai energias negativas da pobreza. Tais seres dizem isso porque acreditam iludidos que são criaturas de luz. Ser de luz é também deixar o coração aberto em certos momentos para acolher as percepções do sofrimento alheio. Esse acolhimento amadurece nosso coração em bondade e outras virtudes.
A inteligência por si só não produz seres de primeira ordem, possuidores de um coração amigo. Muitos usam a sua inteligência como um tanque de guerra, para passar por cima dos outros e acumular o máximo de lucros, como despojos recolhidos de uma batalha inglória. Essas pessoas não tem consciência de que receberam a sua inteligência de um poder maior, chame-se esse poder de Deus ou natureza, para bem empregá-lo para a sua própria felicidade e a alheia. Na verdade não existe separação entre os dois tipos de felicidade, a nossa e a do outro, pois está tudo interligado.
Você só pode fazer à si mesmo feliz, mas quando age com amor no coração, você está semeando inspiração no coração alheio. Isso não é arrogância, observe quantas pessoas já o inspiraram durante a sua caminhada. Você também inspira, mesmo sem perceber, quando não vive apenas por viver, mas sempre buscando entender a vida e participar dela da maneira mais bem ajustada possível. Se vive assim, você nem percebe que está inspirando outras pessoas, pois você está sempre mergulhado em meditações profundas, mesmo quando está esperando ser atendido em algum estabelecimento, e não tem tempo para ficar tendo pensamentos que só levariam à vaidade, como “que pessoa maravilhosa eu sou, pois eu inspiro muitas vidas!”. Mas você inspira mesmo assim, do mesmo modo que um farol, que mesmo sem pensar, guia com a sua luz os marinheiros.
Autor:
Márcio Lobo
