17.3 C
São Paulo
domingo, 1 de setembro de 2024

A garota de um olho só

A visão é um dos princípios dos sentidos corporais, não é o sentido menos importante, aliás nenhum é. Cada um tem sua função, mas quando um não há, temos que nos reinventar. A garota de um olho só, essa então garota nasceu no subúrbio de Brasília. Corria, gritava, olhava por todos os lados, sentia dor, amor, compaixão e muito mais, aliás estamos falando de um ser humano.

Mas, o mais intrigante era que a garota não enxergava a realidade de forma palatável, sempre perguntava a mãe sobre as condições sociais onde estava inserida, pensava isso dias após dias, noite após noite, até que um dia a garota decide cegar-se de um olho. Ferir um dos seus membros para tentar enxergar as situações de forma prazerosa, pensava ela “Se enxergo as coisas mais horrendas dessa maneira, se eu cegar um de meus olhos verei de forma minúscula a horrível condição que estou submetida a viver”.

Decidida a realizar a loucura, a garota pega uma pedra com um estilingue e atira sobre o olho direito, logo em seguida sua face estava cheia de sangue, gritos foram ouvidos por vários minutos, a mãe assustada com os gritos da garota corre logo para o quarto, a menina estava em pânico e assustada, a mãe pergunta a garota o que houve? A garota responde não está vendo minha face ensanguentada? A mãe dá uma risada, a garota fica sem entender o motivo dos risos. Ela coloca a mão sobre a face e logo percebe não haver sangue, corre até o espelho a face estava intacta.

Suada a garota acorda-se, e percebe que não havia sangue, espelho, mãe, quarto, mas existia um par de olhos, de perna, de braços, cabeça e todos os outros membros. Tinha sua cama de papelões ao lado da calçada, tinha sua realidade mais imprevisível, tinha a chuva que a molhava e sem dúvida, tinha sua visão que enxergava tudo em câmera lenta.

Autor:

Bores Júnior

2 COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio