Diariamente tomamos centenas de milhares de decisões das mais variadas, das mais simples até as mais complexas, decisões tais como abrir olhos, levantar-se da cama, caminhar até o banheiro, escovar os dentes, assim como outras tantas, essas tomadas de decisões ocorrem a partir de processos inconscientes, que já foram formados por nossos hábitos, e gastam o mínimo de consumo de energia do nosso cérebro, pois nosso cérebro trabalha sempre otimizando o uso de energia.
Em contrapartida as decisões conscientes demandam um grande consumo de energia, pois aumenta sensivelmente as conexões com outras regiões do cérebro e abastecer nosso corpo com a energia a ser gasta por um outro padrão de atividade cerebral, passa a ser vital para nossa tomada de decisão. Segundo estudos científicos, as decisões conscientes são observadas em áreas como córtex pré-frontal, importante região do nosso cérebro para o processo de tomada de decisões mais complexas.
Porém o uso dessas áreas cerebrais para tomada de decisões, a grande maioria inconscientes e outras racionais conscientes, consomem nossas energias que ao final de um dia, nos sentimos sem energia para o pleno ato de tomar as melhores decisões.
Esse esgotamento, segunda a ciência, gera uma situação chamada de “fadiga de decisão”, que habitualmente acontece depois de uma grande quantidade de decisões tomadas ao longo do dia, derivando com isso, redução acentuada no autocontrole e a força de vontade.
Essa fadiga de decisão leva à falta de equilíbrio emocional, bem como a falta de atitudes para indicar soluções diferenciadas para os problemas existentes, além de afetar bastante as percepções dos riscos eminentes ou não e antecipar as consequências das decisões.
Diante do fato apontando acima, me parece razoável pensarmos em tomar decisões mais complexas, ainda no início do dia, momento esses que estamos com nossas energias em níveis elevados, que nos permite usar todo o nosso cérebro racional e tomar melhores decisões possíveis. Porém, tendo em vista, que a vida real não é assim, se não há como conseguirmos tomar as nossas decisões no melhor momento, então partiremos para incluir um pouco de energia “bons hábitos”, repondo as energias para o resto de nosso dia, a assim tomar decisões menos desfavoráveis.
Nos estudos realizados entendi que, em situações que não conseguimos repor toda energia que precisamos, para tentar otimizar o consumo de energia, quando vamos ficando exaustos por tomar tantas decisões, nosso autocontrole se esgota, nós ficamos mais suscetíveis a tomar decisões impulsivas que não são necessariamente escolhas certas.
O cansaço em ter que decidir, resulta em problemas emocionais, mau desempenho, falta de persistência e até decisões erradas por falta de vontade. Em vez de pensar nas consequências, é mais provável que a gente tome decisões impulsivas. A melhor decisão quando estamos cansados, nosso cérebro toma uma posição que o melhor é não fazer nada. O cérebro literalmente entra em inércia analítica.
A neurociência e outras áreas do conhecimento têm estudado temas de como funciona o processo de tomada de decisão em nosso cérebro e quais são as prováveis programações psicológicas que estão nos fazendo tomar péssimas decisões. O psicólogo e matemático que ganhou o Nobel de Economia em 2002, Daniel Kahneman, nos contemplou com o seu excelente livro Rápido e Devagar duas formas de pensar. Onde ele nos apresenta sua teoria, que nós temos basicamente dois sistemas de processamento cerebral sistema 1 e sistema 2, que também é conhecido também de Top-down ou Bottom-up, processamento quente ou processamento frio.
Segundo a teoria de Kahneman o sistema 1 é o automático inconsciente, podemos considerar esse tipo de pensamento como nossa intuição. Ou seja, as decisões que tomamos no automático vamos assim dizer, aquelas decisões que envolvem pouquíssimo nível de racionalidade, porém fortemente presente como componente de nossas decisões, Já o sistema 2, é lento lógico e consciente, aquele que faz reflexão mais profunda sobre alguma questão antes da tomada de decisão, podemos assim dizer também, que decisão certa e rápida, só é possível se a situação a ser encarada já tiver sido alvo de prática e de treinamento, no caso oposto para tomar decisões céleres, teremos que utilizar referências que podem ser verdadeiras ou falsas, assim você pode até tomar decisões mais rápidas, mas as chances de ser uma boa, é quase uma loteria.
Há situações que provavelmente utilizamos o processamento mais rápido, utilizando nossa intuição, podemos então tomar decisões mais lentas baseadas em evidência, mais concretas com maiores chances de acertos e utilizando nosso sistema 2.
“Toda decisão acertada é proveniente de experiência. E toda experiência é proveniente de uma decisão não acertada.” Albert Einstein
As convicções que construí a partir de meus estudos é uma só, nossas decisões não encontram balizamento somente no racional, muitas das decisões que sempre tomamos é carregada de emoções, ainda que sejam decisões racionais, segundo o Neurocientista Português Antônio Damásio, nosso sistema de raciocínio evoluiu como uma extensão de nosso sistema emocional automático, com a emoção desempenhando vários papeis no processo de raciocínio. Por exemplo, a emoção pode dar mais relevo a determinada premissa, e assim, influenciar a conclusão em favor dessa premissa. Entendi ainda que emoção tem um peso significativo no processo de manter na mente inúmeros fatos que devem ser levados em consideração para chegarmos a uma decisão. E como sempre gosto de trazer a música para minhas publicações, me lembrei dos versos da canção Eduardo e Mônica da Legião Urbana.
“Quem um dia irá dizer que não existe razão.
Nas coisas feitas pelo coração
E quem me irá dizer que não existe razão”
Sempre haverá razão e emoção e nossas decisões conscientes!!!