O que somos capazes de fazer… Hiroshima

Tenho como sina, para ver se me torno uma pessoa melhor, conhecer lugares no mundo que foram alterados ou que sofreram nas mãos de alguns que, por puro interesse, egoísmo ou falta de percepção das consequências, fizeram atrocidades e, o pior, sempre usando como lema as palavras como PAZ, Progresso, Humanidade, Compaixão….

Tive a chance de conhecer Japão (morei lá 3 meses com uma bolsa de estudo oferecido pela JICA). Além de estudar fiz questão de economizar ao máximo para conhecer Hiroshima (só a passagem de trem, ida, naquela época, era de 80 dólares)… fui e não me arrependi…

Hiroshima, nos anos 90, já era uma cidade moderna, mas que preservou, sabiamente, a praça onde aconteceu o epicentro da bomba atômica, hoje “Parque Memorial de Hiroshima”.

O que vi me causou arrepios e um profundo incômodo,  em ver como os seres humanos (pelo menos alguns), que se auto intitulam de “sapiens”, foram e são capazes de fazer.

Durante a 2ª Guerra Mundial, preservaram estrategicamente a cidade de Hiroshima para depois, no dia 6 de agosto de 1945, lançar a bomba atômica e terem condições de avaliar os efeitos…. Sucesso nos resultados… diriam alguns!  Morte e atrocidade diriam os mais de 80mil mortos imediatos, se pudessem dizer algo nos segundos que antecederam ao lançamento…

Não satisfeitos (e como os japoneses não se renderam aos caprichos da cúpula-Declaração de Potsdam), lançaram a 2ª bomba atômica (9 de agosto) esse 50 vezes mais poderosa que a de Hiroshima e daí resolveram avaliar sua potência e seus efeitos na cidade de Nagazakie. Pelo fato de ser uma cidade localizada nomeio das montanhas, os efeitos letais foram menores devido, acreditem(!!!), ao fato que o céu estava coberto de nuvens e o piloto do avião, que lançou a bomba, teve que “adivinhar” que estava no local indicado (graças à tecnologia ineficiente), mas, mesmo assim lançou a bomba, que acertou em parte a cidade então “os efeitos não foram tão danosos como era planejado (pretendido!)”…. Então, no dia 14 de agosto, o Imperador Hirohito declarou rendição.

Vitória dos poderosos!  Esses ainda tem a coragem de argumentar que isso ajudou, ou melhor, acelerou, o fim da guerra, mas Japão já estava falida no final da guerra, portanto não precisavam desses dois avisos extras!…

Vitória?

Perguntem aos sobreviventes japoneses irradiados, ou com queimaduras no corpo ou mesmo aos descendentes que não puderam se casar e nem ter filhos, já que os pais, vinham dessas cidades e carregavam “uma bomba no corpo” devido à radiação. Obviamente aos mais dos 120mil mortos (somando as duas cidades), não adianta perguntar….esses, viraram pó, em segundos….não conseguiram contar a sua versão dos fatos….

Triste fim…

 Independente, da versão da história (cada um conta a sua conveniente verdade), mas o que vem ao caso é a capacidade de tomar essa decisão….a de simplesmente apertar o “botão vermelho” (vejam como Putim fala com leveza sobre essa alternativa); invadir países vizinhos, aniquilar milhões de judeus, homosessuais e outras pessoas como Hitler fez (e muitos outros ditadores, não nos esqueçamos deles também, vejam por exemplo os feitos do Mao Tsé Tung  (77milhões de mortos na sua lista); Stálin (43 milhões); Hitler (20 milhões);  Kublai Khan – Mongólia (19 milhões); Imperatriz Cixi – China (12milhões); Leopoldo 2º – Bélgica (10milhões;) Chiang Kai-shek – China e Taiwan  também com 10 milhões, isso só para citar alguns (lista dos tops!) mas que somam 191 milhões de vidas ceifadas!

 Hiroshima, Nagazaki, Mao, Hitler, Cixi, Leopoldo, Putim, Tio Sam e tantos outros…. Tudo isso valeu/vale a pena? 

Só não sei para quem…. Só sei que todos os dias, às 8:15 da manhã, toca um sirene em Hiroshima, lembrando a todos o ocorrido… Certamente todos vocês hão de concordar que não vale a pena termos outras sirenes tocando (in memorian)…

“Mundo, mundo, vasto mundo”…. enquanto houver “sapiens” no mundo, será apenas uma rima, mas não a solução  (desculpe parafrasear um lindíssimo poema)….

Autor:

Geraldo G.J.Eysink