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quarta-feira, 19 de junho de 2024

A escola e o novo mundo do trabalho.

A reforma trabalhista trouxe para empresas e trabalhadores um desafio a mais na formação profissional e adaptação aos novos modelos de contrato de trabalho e prestação de serviços.  O desenvolvimento tecnológico e a consequente transformação das leis para acompanhar essa evolução são um processo sem volta, em discussão nas mais diversas esferas do conhecimento, desafiando políticos, economistas, empresários, cientistas e, principalmente, as instituições educacionais envolvidas na formação básica, acadêmica e profissional de trabalhadores e gestores.

Os impactos causados pelo desenvolvimento tecnológico na sociedade afetam a concepção de qual deveria ser o papel da educação na formação do trabalhador moderno de modo a garantir o alinhamento às novas dinâmicas de contratação e fornecer ao trabalhador os pré-requisitos para incluir-se, com sucesso, nas oportunidades. De acordo com McGINN (1996), as instituições educacionais são produtos do meio, isto é, das comunidades em que estão inseridas, reproduzindo valores que simbolizam sua identidade e permitindo seu progresso.  Pensando assim, a escola, enquanto instituição formadora, precisa refletir essa demanda extramuros, preparando alunos conscientes e em harmonia com seu tempo.

O mundo globalizado e altamente tecnológico demanda uma leitura multidisciplinar do indivíduo nele inserido, observando-se atentamente as consequências geradas por suas constantes modificações e peculiaridades, incluindo-se aí as reformas nas leis trabalhistas.  A cultura de empresas estrangeiras, a centralização de capitais, a nova divisão internacional do trabalho, a revolução tecnológica dos meios de produção, a exigência de mão-de-obra altamente qualificada, a concorrência dos serviços prestados por autônomos e a atuação, em segundo plano, do Estado determinam mudanças na concepção de trabalho e da educação necessária à formação de um novo cidadão, e não apenas de um novo trabalhador.   A educação precisa preparar o indivíduo para ser um cidadão do seu tempo, o que vai além da educação profissional, científica e acadêmica que utilizamos até o momento.

Segundo DYSON (2001), a tecnologia traz sempre a oportunidade de passos à frente e passos atrás, proporcionando diferentes impactos para as diferentes camadas da sociedade.  DYSON aponta ainda uma relação estreita entre a tecnologia e a justiça social, avaliando que a ética e a tecnologia precisam andar em harmonia, para que, se não impedidas, as injustiças sejam minimizadas.

As mudanças ocorridas no mundo do trabalho e a conscientização do homem sobre a sobrevivência das gerações futuras permitiram a criação de ferramentas de controle da indústria tecnológica.  Novas legislações de preservação ambiental, normas e acordos internacionais que envolvem o comércio e as relações entre empresas e países trouxeram para a sociedade palavras até então pouco difundidas ou inexistentes, entre elas: empregabilidade, segurança, sustentabilidade e confiabilidade.

A escola que prepara o cidadão do seu tempo entende e discute a natureza humana, suas potencialidades e limitações.  Percebe que a tecnologia deve estar a serviço do homem e não o contrário, que o ser humano deve ser tirado de condições indignas e degradantes e colocado em sua função mais notável: a de agente de produção, difusão e controle do conhecimento.

Referências:

[1] DYSON, F. J., O Sol, o Genoma e a Internet.  São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

[2] McGINN, C., The Character of Mind.  Oxford: Oxford University Press, 1996.

Autora:

Kátia Souza. Professora de Matemática da SME/RJ.

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