Há tantos anos passados me lembro dos dias vazios.
Havia uma pedra em meu peito e meu coração pesava.
Nada parecia acontecer e eu vivia em profunda letargia.
Não era depressão mas uma tristeza por sentir-me parado,
Acontecia de olhar as pessoas a minha volta e não saber pra onde ia.
Um barco ancorado à procura de ventos favoráveis.
Esperava
Esperava
e nada acontecia.
O que esperava ao entardecer dos dias?
Dias passados em suspensão, de onde ia brotar a emoção que já era tarde e eu pressentia? Antecipava em meu coração os dias que viriam.
SOLTAR AS AMARRAS E QUEBRAR AS CORRENTES.
Barco parado e a tarde caia. Do mar as ondas se encresparam e o turbilhão se formou. Anoiteceu de repente e o sol se escondeu. O ventou soprou forte e as nuvens corriam. Relâmpagos e trovões ressoavam. Enfim, acontecia. A tormenta se fez em meu peito e meus dias amanheceram. Acordei da letargia.