Doar centavos para ONGs quando se está finalizando uma compra no caixa. Foi com essa ideia que o economista Ari Weinfeld decidiu ser empreendedor social há 11 anos e trazer para o Brasil o modelo de microdoação, pelo arredondamento de centavos no checkout de uma compra, que já é bastante difundido nos EUA e em países europeus. O projeto chamado Movimento Arredondar, logo ganhou grandes redes adeptas ao programa, tais como: Burger King Brasil, Petz, GOL Linhas Aéreas, Pão de Açúcar, Minuto, Extraplus Supermercados, Popeyes, NK Store, Corello, Shoulder, Track & Fields, Tricard, Havaianas e Spoletto.
“O objetivo do projeto, acima de tudo, é o de ampliar a cultura de doação dos brasileiros. Por isso, nossa organização encontrou nas parcerias com varejistas um canal para falar com um grande público com o intuito de mobilizar recursos para projetos de impacto social e ambiental. As microdoações, que não ultrapassam 1 real, são destinadas a organizações de todo o Brasil que contemplam causas como educação, combate à fome e desnutrição, empoderamento de mulheres, saúde, meio ambiente e outras”, explica Ari Weinfeld, fundador do programa. Só o Movimento Arredondar, já implementou o programa em 1,5 mil estabelecimentos varejistas, obtendo mais de 40 milhões de atos de doações e mais de 8 milhões de reais arrecadados.
Para o designer de consumo Maurício Queiroz, especialista em comportamento e estratégias do varejo nacional e internacional, empresas aderirem a causas filantrópicas como essa não são apenas atos de boa ação, mas podem trazer benefícios para a própria imagem da empresa junto ao mercado. “o consumidor hoje não compra simplesmente uma boa marca ou um bom produto. E a questão da marca não está atrelada apenas à segurança ou qualidade, as pessoas não gostam só do que a marca produz, mas o que é a marca. Por isso, que empresas conscientes – as chamadas ESG (Environmental, Social and Governance) –, que têm governança e sustentabilidade estão muito fortes e tentam ser, cada vez mais, transparentes”.
Para Queiroz, primeiramente, os varejistas devem entender qual é o branding e valores legítimos da sua empresa e quais tipos de ações teriam sinergia e caberiam. “Uma marca que tenha forte a questão da inclusão, talvez se posicione em favor da igualdade entre as pessoas e faça muito mais sentido. Vejo que um dos principais pontos para começar uma estratégia como essa é entender os valores da empresa e buscar ações que tenham feat com os mesmos”, completa.
Dentre os exemplos mencionados pelo especialista, destaque para a Patagônia, varejista americana de roupas para atividades ao ar livre, que tem diversas ações voltadas a Responsabilidade Socioambiental, que possui total sinergia com o público-alvo da marca.
Outro exemplo é a Nestlé que lançou o primeiro produto social do mundo em parceria com a ONG Gerando Falcões – barras de nuts e frutas – com 100% do lucro gerado pelas vendas revertido para apoiar o projeto Favela 3D (Digna, Digital e Desenvolvida), que busca reestruturar as favelas para promover uma transformação completa, focada na melhoria da qualidade de vida de seus moradores.
Com o crescimento de iniciativas como essas e uma maior conscientização de como o varejo pode ajudar a filantropia no País, Ari Weinfeld conclui que objetivo de seu trabalho é o de fazer 15% da população doar, reconhecendo a importância de contribuir para apoiar o trabalho das ONGs.
Autora:
Gabriela Andrade