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terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Verão exige atenção redobrada: especialista alerta para riscos de afogamento entre crianças

Ambientes cotidianos, falsa sensação de segurança e supervisão inadequada estão entre os principais fatores que aumentam acidentes

Com a chegada do verão e o aumento das atividades em piscinas, praias e rios, o risco de afogamento entre crianças cresce significativamente. A pediatra Manuella Bueno, do Grupo Prontobaby, explica que o acidente ocorre de forma rápida, silenciosa e muitas vezes em locais que os responsáveis consideram inofensivos.

“Crianças apresentam cabeça e membros superiores como as partes mais pesadas do corpo. Assim, perdem o equilíbrio com frequência ao se inclinarem para frente, além de não conseguirem se reerguer. Isso faz com que pequenas quantidades de água em baldes, bacias, banheira e vasos sanitários sejam suficientes para que ocorra um afogamento”, comenta.

Segundo a médica, o risco aumenta nas férias e festas de fim de ano porque é nesse período que as crianças frequentam mais esses locais. Mas o perigo não se limita a ambientes tradicionais.

“Crianças de um a quatro anos costumam se afogar em fontes de água desprotegidas dentro de 20 m de casa, como por exemplo em piscinas, espelhos d’água, tanques, etc. Locais esses que podem dar aos familiares a falsa sensação de serem inofensivos pela pequena quantidade de água, mas representam um grande perigo”, explica.

Já os mais velhos e adolescentes tendem a se afogar em rios, lagos ou oceano durante atividades recreativas, como barco ou mergulho.

Para a pediatra, saber nadar reduz o risco, mas não elimina o perigo.

“Não há dúvidas de que a criança que sabe nadar tem menos chance de se afogar. Entretanto, essa segurança pode se tornar um risco a partir do momento em que ela começa a se expor a fontes de água mais perigosas e fundas e que os pais passam a realizar uma supervisão inadequada”, diz.

Segundo ela, aprender a nadar envolve também conhecer os perigos, os riscos e as próprias limitações.

“As crianças devem estar em constante ‘supervisão de toque’, em que o adulto precisa estar ao alcance do braço dela para que possa tirá-la da água caso fique submersa”, orienta.

Manuella ressalta que o olhar deve ser próximo, constante e atencioso, mesmo que haja um salva-vidas, e que o responsável não pode dividir a atenção com celular, conversas longas ou consumo de álcool. Também é essencial definir entre os adultos quem estará encarregado da supervisão para evitar falhas de comunicação.

Sobre dispositivos de segurança, a médica é categórica:

“Boias e braçadeiras de ar não devem ser usadas no lugar de colete salva-vidas, uma vez que podem sair da criança, desinflar ou furar”, orienta.

As aulas de natação devem começar cedo. Para a especialista, a partir de seis meses as crianças já podem ir para a piscina e iniciar o esporte. Crianças que sabem nadar se afogam menos.

Reconhecer um afogamento também exige atenção, já que não há gritos ou agitação.

“Em geral, a vítima luta para permanecer na superfície da água, com braços estendidos e cabeça esticada, na tentativa de manter a via aérea fora dela. A criança é incapaz de gritar ou chamar por ajuda. Vale ressaltar que toda criança que fica submersa por mais de 10 segundos, mesmo que sem sinais de luta, deve ser retirada dessa posição”, explica.

Após um susto, a avaliação médica é obrigatória.

“Toda criança que passe por um resgate ou ‘susto’ deve ser avaliada e observada por um médico por, pelo menos, 6h. Sinais tardios de alerta incluem desconforto respiratório, sintomas respiratórios como tosse, vômitos, irritabilidade e febre”, diz.

Para um verão mais seguro, a recomendação final da médica é direta:

“Prevenir é sempre a melhor opção. Esteja atento e deixe seu filho sempre de colete e nunca sem supervisão”, conclui.

Autora:

Jéssica Leiras

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