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terça-feira, 26 de novembro de 2024

2 horas para viver. Quanto tempo você acha que tem?

Hoje eu acordei com uma reflexão após uma noite agradável como uma amiga onde saímos para tomar o chopp e comer uma pizza. Passamos em torno de duas horas juntos, e neste tempo, fizemos uma reflexão sobre como a gente gasta nosso tempo. Quero registrar que foi uma noite muito agradável, regada de boa conversa e muitas risadas. Eu ri tanto a ponto de chorar.

Falamos sobre a nossa vida, nosso momento atual, sobre as paranoias diárias de duas pessoas que moram sozinhas e tem seus medos. O meu por exemplo, é de que meu coração pare a qualquer momento em casa quando eu estiver sozinho e eu morra e demore para ser encontrado. O dela é bem parecido, ela tem medo de morrer, em casa ou na rua, e sua preocupação não é de quanto tempo levarão para encontrar ela e sim se, quando a encontrarem a casa dela vai estar limpa, por que ela não quer estar morta e ser taxada de “porca” (palavras dela).

Bom, parece papo de gente que fumou uma erva, infelizmente não, tomamos apenas dois chopps, o que foi suficiente para que eu pudesse fazer uma reflexão mais profunda.

Ao acordar, me deparei com uma sugestão de vídeo no Youtube com o seguinte título: “3 minutos para mudar sua vida”. Esse vídeo me levou a outro que me levou a outro. Alguns dos vídeos eu já havia assistido, eram por exemplo, do professor Karnal e Cortella. Bem, mas por que eu te questiono quanto tempo você acha que tem?

Talvez esse questionamento não seja dirigido exatamente a você, caro leitor, talvez esse texto que escrevo agora durante meu horário de trabalho, no qual eu deveria estar trabalhando e gerando riquezas para minha organização, seja somente para mim mesmo. Para fazer de uma vez por todas que eu entenda que minha vida está passando e eu tenho pouquíssimo tempo para viver ela.

Repare, eu disse VIVER, não confunda viver com SOBREVIVER. Para que não restem dúvidas de qual a diferença entre as duas, eu direi: VIVER = aproveitar a vida, os bons momentos, a família, os amigos, aproveitar o tempo livre com algo que de fato te dê prazer e não com coisas que roubem o seu tempo. SOBREVIVER = apenas se manter vivo biologicamente, trabalhando para poder se alimentar, se vestir, e suprir as necessidades mais básicas, além de dormir para recarregar as energias para o dia seguinte, entre outras.

Um dos vídeos que eu assisti, não me lembro ao certo qual é, falava sobre a expectativa de vida do brasileiro que é em média de 75 anos e o tempo que ele gasta em algumas atividades diárias, eu no auge dos meus 31, a princípio pensei: “ainda tenho 44 anos para viver”. Doce engano.

Hoje pude também olhar para a matemática com outros olhos, nunca gostei nem entendi muito ela. Mas para minha reflexão ela foi crucial.

Vejamos.

Dos meus 44 anos que me restam, é bem provável que eu passarei parte desse tempo trabalhando, uma vez que não nasci herdeiro e as chances de

ganhar na mega sena serem baixíssimas, passarei também grande parte desse tempo dormindo, cuidando dos afazeres domésticos, dentre outras atividades.

Para que fique mais fácil a compreensão, eu dividi esses meus 44 anos que me restam (trata-se de uma expectativa, esse número pode variar para mais ou para muito menos) em horas. Então eu descobri que em horas eu tenho

385.440 horas de vida, aproximadamente. Parece muito, mas veja bem:

Dessas 385.440h que teoricamente me restam de vida, delas eu passarei até me aposentar (se me aposentar) trabalhando em média 103.356 horas, estou levando em consideração apenas os dias úteis do ano. Eu sou uma pessoa que dorme em média 6h por noite, multiplicando isso pelo número de anos que eu espero ainda ter de vida, eu passarei 96.360h dormindo, sem contar nas cochiladas que eu sempre dou quando acho que posso me dar ao luxo; é sabido que um terço da nossa vida a gente passa dormindo, mas parece que não é o meu caso. Com isso, das horas que eu tinha restante me sobrarão 185.724h acordados para VIVER. Mas como eu não só trabalho e durmo vamos continuar com o cálculo.

Como eu não sou rico, dentro das minhas 24 horas eu preciso arrumar casa, cozinhar, lavar roupa, louça, fazer tarefas domésticas em geral, com essas tarefas eu gasto em média 2h dia, o que ao final dos meus 44 anos de vida que ainda me restam custarão 32.120h, o que me leva a chegar à conclusão de que me restarão 153.604h livres tirando as horas dormidas, trabalhadas e de atividades domésticas. Repare que tudo o que eu somei até agora foram apenas coisas que eu faço para SOBREVIVER os 44 anos que ainda tenho de vida (assim espero) será um total de 231.836h, e sobreviver me custará quase dois terços da vida que ainda tenho pela frente. No fim terá me sobrado em torno de 150.000h que dividido pelos meus 44 anos de vida será de aproximadamente 7 horas por dia para VIVER. Os cálculos acima não são exatos por que eu sou da área de humanas.

Simplificando essa matemática doida que fiz e demorei mais tempo para entender do que para escrever esse texto, das minhas 24h dia 9h gasto com o trabalho + 6h dormindo + 2h de atividades domésticas = 17h – 24h= 7.

Agora que eu subtrai todas as minhas obrigações e necessidade fisiológica, descobri que o tempo que me resta para VIVER são de aproximadamente 7h por dia.

No meu cálculo eu não levei em consideração o meu deslocamento de casa ao trabalho por exemplo, por estar praticamente todos os dias em home office, se fosse considerar eu perderia mais 3h do meu saldo, o que me deixaria com apenas 4 horas de vida por dia. Veja bem, se você tem uma rotina parecida com a minha e for uma pessoa que dorme 8h por dia e se desloca até o trabalho você terá apenas 2h por dia para VIVER até morrer, se continuar nesse ritmo até o fim.

Dentro desse cálculo eu não considerei as distrações diárias, porque no final, eu sairia devendo horas para a vida.

Faça sua reflexão levando como base o meu cálculo, e levando em consideração que você dorme mais que eu por noite, digo isso por que todo mundo que eu conheço consegue dormir suas 8 horinhas de sono. Então, caro amigo, você tem em média duas horas por dia para viver a vida.

Mas calma! Ah, mas e o final de semana? Ok, faça o mesmo cálculo subtraindo das suas 24h diárias suas obrigações para sobreviver e o restante acrescente às suas horas para viver, de certo esse valor aumentará, mas não significativamente, por tanto não se anime.

Agora eu quero que você pegue seu tempo de uso das redes sociais (ou de qualquer outra atividade que te impede de viver de forma plena, criando laços e conexões com o que realmente importa) e subtraia das horas diárias que te restam. O que você pode concluir disso? Talvez você não conclua nada, por que para você hoje usar duas horas de redes sociais por dia ou assistir 3 horas de programas, filmes e séries, por exemplo, seja para você a melhor forma de viver a vida que te resta. De fato, esse texto pode não fazer o menor sentido para você. Mas insisto…

Você de fato tem vivido todos os dias suas horas com qualidade? Vamos relembrar o conceito de viver?

VIVER = aproveitar a vida, os bons momentos, a família, os amigos, aproveitar o tempo livre com algo que de fato de dê prazer e não com coisas que roubem o seu pouco tempo que te resta.

No fim, depois de tudo o que eu disse e de toda matemática que eu fiz, eu só quero deixar uma mensagem para você. A VIDA É CURTA!

Eu sei, esse é um dos maiores clichês que ouvimos na vida. Mas é a mais pura, nua e crua verdade. A vida meu caro, não é tão abundante como parece, e ao mesmo tempo que ela possa parecer abundante ela pode se tornar escassa num piscar de olhos.

Mas como eu disse, esse texto não é para você, e sim para mim.

Dessas minhas míseras horinhas que eu tenho para VIVER por dia, eu cheguei a várias conclusões que já deveria ter chegado a muito tempo, por exemplo: Não vale a pena gastar meu precioso tempo com qualquer coisa, com qualquer pessoa, com qualquer trabalho, em lugares que eu não quero estar, dizendo sim para aquilo que no fundo eu queria dizer não; que não vale a pena perder minhas poucas horas que tenho para viver com duas horas diárias de redes sociais vendo pessoas infelizes me fazendo pensar que elas são as mais felizes do mundo; não vale gastar meu tempo me preocupando com o que os outros irão ou não pensar sobre mim, sobre o que eu faço ou deixo de fazer.

Concluí que é uma perda de tempo a busca por uma validação social, seja na vida real ou seja nas redes sociais. Pude concluir que não posso viver a vida que as pessoas acham que eu deva viver segundo suas crenças e os padrões construídos pela sociedade; concluí também que é uma perda de tempo viver uma vida de aparências, de close, onde é mais importante parecer do que de fato ser; e que não vale apena viver preocupado ou se lamentando por amores

não correspondidos ou na busca de um amor, sendo que no final um único amor que eu poderei levar comigo será o amor-próprio que eu dei a mim mesmo durante a minha curta vida.

Descobri que meu tempo é tão precioso e escasso que de hoje em diante tudo que eu fizer vai ser por mim e para mim. Eu consegui enxergar que nessa vida escassa de tempo que me resta a minha prioridade deve ser eu. Que não devo mendigar afetos, atenção, carinho, porque isso eu mesmo sou capaz de me proporcionar.

Enfim, eu pude concluir várias coisas ao descobrir que as horas líquidas que me restam para viver são muitos menores do que as horas que eu gasto tentando sobreviver.

E se você quiser, pode usar esse texto que eu fiz para mim como uma autorreflexão sobre como você tem gastado o seu tempo que te resta para VIVER.

Ou, você pode simplesmente ignorar este fato, é um direito seu, afinal, o seu tempo, a sua vida você gasta como quiser, e não sou eu, nem minhas experiências e reflexões ou paranoias, chame-as como quiser, eu não me importo, não são elas que devem fazer isso.

Crônicas de um surtado. São Paulo, 07 de fevereiro de 2022.

Autor:

Anielson Silva

2 COMENTÁRIOS

  1. Eu tava aqui fazendo exatamente o mesmo cálculo que você fez e tava pensando ”não é possível q eu tenha só isso de tempo para mim”, fui pesquisar quantas horas em média nós tínhamos de vida e achei seu texto. Questões bem colocadas que ajudaram na minha reflexão. Ótimo artigo!

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