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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Automação ameaça empregos na Europa

A Forrester é uma empresa americana de pesquisa de mercado que estuda os impactos   da tecnologia nos negócios de seus clientes e sobre o público em geral.

Recentemente tornou público mais um de seus estudos sobre empregos, o Future of Jobs Forecast, estimando que milhões de empregos podem ser perdidos para a automação em toda a Europa nos próximos anos, afetando principalmente os trabalhadores de setores como varejo, serviços de alimentação e lazer e hospitalidade. Neste contexto, pode-se entender automação como o uso de robôs de hardware, software, inteligência artificial, realidade virtual e aumentada e outras ferramentas do tipo.

Empregos que requerem mão de obra de qualificação média para a execução de tarefas simples e rotineiras, correm maior risco de automação, diz o relatório. Essas funções representam 38% da força de trabalho na Alemanha, 34%   na França e 31%   no Reino Unido.

No total, 49 milhões de empregos nas cinco maiores economias europeias (França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido) poderiam ser automatizados, de acordo com a Forrester. Isso prejudicaria especialmente o trabalho informal, como os “zero-hour contracts” praticados no Reino Unido, onde o empregador chama o empregado apenas quando necessitar e os empregos de meio período, usualmente mal pagos, onde os trabalhadores detêm pouco poder de barganha.

Uma combinação de pressões está levando as empresas a aumentar seus investimentos em automação, como no caso das pequenas empresas com até 50 trabalhadores, que oferecem dois terços dos empregos europeus, mas com sua produtividade ficando muito aquém da das grandes corporações; na   manufatura, por exemplo, essas empresas são 40% menos produtivas do que as grandes.

Uma forma de superar esse problema pode ser a automação: um estudo de cinco anos sobre a adoção de robôs em fábricas francesas descobriu que é possível reduzir custos de mão de obra entre 4% e 6%.

Na contramão das preocupações com o desemprego gerado pela automação, esta pode ser vista como uma forma de superar os problemas trazidos pelo envelhecimento da população da Europa, que a Forrester descreve como “uma bomba-relógio demográfica”: em 2050, a Europa terá 30 milhões de pessoas em idade de trabalho a menos do que em 2020.

Também se espera que o uso de robôs e o crescimento de setores emergentes como energia verde e cidades inteligentes gere nove milhões de empregos na Europa até 2040.

Considerados todos esses fatores, a Forrester acredita que apenas três milhões de empregos serão ‘perdidos’ para a automação até 2040, mas com uma agravante: a maior parte das pessoas que tinham esses empregos dificilmente conseguirá encontrar outros.

Cedo ou tarde esse também será o cenário brasileiro.

Autor:

Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor e consultor de empresas.

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