Rina afirma ter sido agredida física e verbalmente dentro da Secretaria Municipal de Proteção Animal (SMPA), em Fortaleza, e relata que, após o episódio, não recebeu apoio institucional e ainda foi alvo de tentativas de silenciamento.
A servidora Rina, da Secretaria Municipal de Proteção Animal de Fortaleza (SMPA), denunciou ter sido agredida física e verbalmente dentro do órgão, no dia 27 de agosto, durante o expediente. O caso, que inicialmente foi registrado na Polícia Civil como lesão corporal dolosa, segue em investigação.
Segundo a servidora, o episódio ocorreu após um desentendimento com dois colegas de trabalho, entre eles um servidor com cargo comissionado, apontado como amigo pessoal e braço direito do secretário Apolo Vicz. “Eles queriam que eu assumisse uma culpa que não era minha”, contou.
Rina afirma ter sido coagida e atacada verbal e fisicamente dentro da sala. “Fui xingada, empurrada, machucada na boca, no pescoço e nas pernas. Um dente chegou a quebrar. Foi um momento de pavor, de desespero. Minha primeira reação foi chorar, eu fiquei com medo e profundamente constrangida”, relatou.
Logo após o ocorrido, Rina registrou boletim de ocorrência e foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito. No entanto, o laudo não apontou lesões compatíveis com a agressão.
“Mostrei o áudio do momento da agressão, mas o legista não tirou fotos e disse que não era necessário. Fiquei surpresa quando vi que o exame não registrou nenhuma lesão, mesmo eu tendo fotos que comprovam o contrário. Foi uma sensação de injustiça”, afirmou.
A defesa da servidora já anunciou que irá recorrer do resultado da perícia, alegando falhas no atendimento.
Além da violência física e verbal, Rina relata ter sido pressionada a se calar logo após o episódio. “Um colega me disse que eu iria perder a razão se continuasse falando. No dia seguinte, me chamou à sala e pediu que eu retirasse o boletim de ocorrência, dizendo que o servidor iria me pedir desculpas. Tentaram me calar o tempo todo”, afirmou.
A servidora diz ainda que não recebeu apoio da secretaria e que foi alvo de difamações internas.
“Quiseram me transformar em agressora e espalharam mentiras sobre mim em grupos de WhatsApp. É muito triste ver uma mulher agredida sendo tratada como culpada, dentro de um órgão que deveria defender causas de respeito e proteção”, desabafou.
Atualmente, Rina está afastada do trabalho por recomendação médica, sob acompanhamento psiquiátrico. O caso segue em apuração pela Polícia Civil e também deve ser analisado internamente pela Prefeitura.
Segundo informações de funcionários da SMPA, o servidor acusado ocupa cargo com salário superior a R$ 10 mil, e seu companheiro e noivo, também lotado na secretaria, recebe mais de R$ 9 mil. Ambos são apontados como pessoas de confiança da atual gestão.
“Espero que a Justiça e a Prefeitura de Fortaleza ajam de forma firme e transparente. Fui agredida dentro da secretaria de proteção animal, onde deveria me sentir segura. Quero apenas que a verdade apareça e que a justiça seja feita”, declarou Rina.
Em mensagem final, a servidora deixou um recado a outras mulheres que enfrentam situações de assédio ou agressão no trabalho:“Nós merecemos respeito, empatia e dignidade. Não tenham medo de denunciar. Busquem ajuda e não se calem. O ambiente de trabalho deve ser um espaço seguro para todos.”

