Com dados da OMS e especialistas, iniciativa destaca práticas para a saúde diária e inovações em tecnologia auditiva
A perda auditiva, muitas vezes silenciosa, é um dos problemas de saúde que mais crescem no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2050 cerca de 2,5 bilhões de pessoas terão algum grau de perda auditiva, e mais de 700 milhões precisarão de serviços de reabilitação. O dado acende um alerta também entre os jovens: segundo a OMS, mais de 1 bilhão deles estão em risco de desenvolver perda evitável devido ao uso prolongado de fones de ouvido em volumes elevados.
No Brasil, especialistas apontam que o tema ainda carece de espaços contínuos de debate e de conteúdo educativo acessível. Embora existam campanhas pontuais, há pouca produção regular de vídeos e séries que traduzam o conhecimento técnico da fonoaudiologia para o público geral: especialmente sobre temas como hábitos de escuta, novas tecnologias auditivas e sinais precoces de perda.
Nesse contexto, ganham espaço produções digitais dedicadas a aproximar a população de informações práticas e verificadas sobre o assunto. Uma das mais recentes é uma série publicada no canal de YouTube do Espaço da Audição (@espacodaaudicao), que aborda tópicos como o uso adequado de fones, práticas diárias de saúde, segredos da chamada ‘revolução prateada’, o funcionamento dos aparelhos auditivos, e a importância das avaliações periódicas com especialistas.
Os vídeos apresentam situações cotidianas e linguagem simples, com o intuito de transformar orientações técnicas em rotinas possíveis. “A prevenção é o primeiro passo para evitar perdas e viver com mais qualidade”, explica Ariane Bonucci, fonoaudióloga, mestre em Ciências Médicas e sócia-fundadora do Espaço da Audição. “Nosso papel é ajudar as pessoas a entender que cuidar da audição é tão essencial quanto cuidar da visão ou da alimentação.”
A atenção crescente à saúde auditiva também se relaciona a fatores sociais e tecnológicos. O envelhecimento populacional e a exposição constante a ruídos urbanos e sons de alta intensidade aumentam a vulnerabilidade da audição. Estudos internacionais mostram que adultos entre 20 e 69 anos que convivem por mais de cinco anos com ruídos intensos têm cerca de 18% de chance de desenvolver perda auditiva bilateral, contra 5,5% entre os que não têm esse tipo de exposição.
Para profissionais da área, disseminar esse tipo de informação é uma etapa essencial do cuidado. Mais do que falar de aparelhos ou terapias, trata-se de criar prevenção com diversos atos: reduzir o volume do fone de ouvido, fazer pausas do seu uso, realizar exames de rotina e buscar orientação especializada ao menor sinal de dificuldade auditiva.
A nova série, disponível no canal do Espaço da Audição, soma-se a um movimento global que busca transformar a relação das pessoas com a própria escuta, e reforça o papel da informação como ferramenta de saúde pública.

