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quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O papel das divisórias nos ambientes integrados

Mais do que barreiras físicas, as divisórias assumem um papel poético e funcional na arquitetura contemporânea, assim como demostram, com seus projetos, as arquitetas Ana Rozenblit, Cristiane Schiavoni e Isabella Nalon

Há algo de instigante na forma como os espaços se comunicam nos projetos residenciais. Um ambiente pode se abrir para o outro, mas ainda assim preservar a sensação de limite e uma certa discrição. 
Na arquitetura, as divisórias atuam como mediadoras desse diálogo, filtrando a luminosidade, conduzindo o olhar e trazendo novas possibilidades de textura e profundidade sem romper a continuidade visual.
Nesse contexto, arquitetas como Ana, Rozenblit, da Spaço Interior, Cristiane Schiavoni, e Isabella Nalon exploram as múltiplas possibilidades das recursos em suas composições. Cada uma a seu modo propõe uma leitura contemporânea sobre o ato de delimitar sem isolar, seja por meio de painéis vazados, elementos translúcidos, mobiliário ou materiais que filtram a luz de forma sutil e elegante.
Veja os projetos em que as arquitetas exploram o uso das divisórias nos ambientes de forma integrada:
Cobogó, o clássico dos clássicos

Na ampla varanda integrada com living, a arquiteta Cristiane Schiavoni apostou no cobogópara prover uma suave divisão entre a sala de jantar e a área gourmet com churrasqueira |Foto: Carlos Piratininga
Desde que foi desenvolvido em Recife (PE) pelos três engenheiros com as iniciais que formam o nome do elemento, a presença dos cobogós sempre se fez eficaz nos projetos de arquitetura de interiores. “Sem contar a beleza que agrega ao ambiente“, diz a arquiteta Cristiane Schiavoni.
Com inúmeros desenhos, cores e materiais utilizados na sua composição – vidro, cerâmica, porcelana e concreto –, o cobogó é atemporal e um dos ícones da arquitetura brasileira.
Biombos

No espaço executado pela arquiteta Isabella Nalon, o biombo foi realçado pela naturalidadedo acabamento palhinha | Fotos: Rafael Renzo
A ‘segregação’ graciosa entre espaços não precisa alcançar o pé-direito do ambiente: entre 1,80 e 2,20 m já representa uma altura suficiente para cumprir a ideia de conceder privacidade a um espaço.
Os biombos, compostos por painéis articulados, também cumprem o encargo com maestria, assim como a arquiteta Isabella Nalon definiu para preservar o amplo living. Para acompanhar a atmosfera natural do projeto, a SCA Jardim Europa, loja em São Paulo especializada em móveis de alto padrão, produziu peças com acabamento em palhinha.
Divisórias vazadas
A diversidade de desenhos, materiais e cores também compõem as divisórias vazadas que resguardam os ambientes em diferentes propostas.
Conforme as medidas do banheiro permitem, a arquiteta Isabella Nalon gosta de investir em uma área mais circunspecta para o uso da bacia sanitária.

Inspirada nas tramas do muxarabi, as divisórias vazadas instaladas pela arquiteta IsabellaNalon nestes banheiros resguardam a posição da bacia sanitária sem interferir naluminosidade e ventilação natural | Fotos: Julia Herman
Na generosa varanda integrada do apartamento abaixo, a arquiteta Cristiane Schiavoni centralizou um generoso sofá e, em um dos lados, aplicou uma divisória para distinguir o home office do morador. “Mesmo concentrado no trabalho, ele não está totalmente desconectado da dinâmica que acontece no apartamento”, conta.
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Por aqui, a arquiteta Cristiane Schiavoni planejou uma divisória arrojada: além da assimetriado seu desenho vazado, ela acopla o suporte giratório da TV que tanto pode atender omorador, enquanto exerce suas atividades profissionais, como o living | Foto: CarlosPiratininga
Brise
Recurso muito usado para a entrada de luz, o brise tem origem do francês brise-soleil, que significa quebra-sol. Ele se destacou em fachadas de edificações modernistas nas décadas de 1930 e 1940, mas a arquitetura o incorporou para os ambientes internos como recurso que auxilia na passagem de luz e ventilação natural, tal qual a arquiteta Ana Rozenblit adotou para separar a área social da varanda gourmet.

Com a articulação do brise fixada em duas bases de madeira, a arquiteta Ana Rozenblitpermite com o que o morador possa controlar a visão entre a sala de estar e a varandagourmet | Projeto Spaço Interior | Fotos: Kadu Lopes
No projeto de uma residência, a arquiteta Isabella Nalon trabalhou o brise fixo em aço corten para conduzir o caminho na lateral. A definição do material levou em conta sua resistência – produzido em liga de aço que forma uma camada protetora de ferrugem, elimina a necessidade de pintura ou selantes e mantendo a integridade estrutural. 

No posicionamento do brise fixo de aço corten, quem está na parte coberta pode apreciar opaisagismo realizado na lateral da casa. A escolha do material pela arquiteta Isabella Nalonconsiderou não só a estética, como sua potência frente às intempéries da natureza – desde osol mais escaldante, ventos até chuvas fortes | Fotos: Luis Gomes
O uso do mobiliário
Os móveis – soltos ou planejados –, também pode ser incumbidos de delimitar ambientes, mas sem dividir.
Elaborada sob medida, a estante de serralheria foi designada pela arquiteta Cristiane Schiavoni para servir como moldura para o sofá. Com o mesmo comprimento do móvel e uma largura estreita, ela se tornou mais do que uma peça decorativa, mas um elemento vazado que contribui para sua integração com a varanda.

Graças a esta estante vazada desenhada pela arquiteta Cristiane Schiavoni, a sala de estar e aárea gourmet seguem conectadas | Fotos: Carlos Piratininga

Na ampla varanda desta casa em Itu, a cristaleira em serralheria e vidro foi a estratégia daarquiteta Cristiane Schiavoni para distinguir o espaço da churrasqueira e a cozinha da áreagourmet | Fotos: Carlos Piratininga

Bem-vinda entre a sala de jantar e estar, a adega climatizada trazida pela arquiteta AnaRozenblit também incorporou a cristaleira | Projeto Spaço Interior | Fotos: Kadu Lopes
Sendo o núcleo da área social, esta adega executada pela arquiteta Ana Rozenblit, do escritório Spaço Interior, tornou-se a linha que separa a sala de jantar do living de convivência.

Autor:

Henrique Araújo

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