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quarta-feira, 5 de novembro de 2025

EUA prevê escassez de pilotos nos próximos anos

Mercado dá sinais de normalização, mas projeções indicam risco de falta até 2030

O mercado de trabalho aéreo nos Estados Unidos, neste ano apresenta uma fase de estabilização após anos de intensa escassez de pilotos. Se entre 2021 e 2023 as companhias aéreas viveram um verdadeiro “boom” de contratações, com recordes históricos, em 2025 o cenário aponta para uma normalização deste número. Durante os seis primeiros meses do ano ocorreram 2,1 mil contratações, de acordo com levantamento feito pela AG Immigration – escritório de advocacia imigratória – com base em dados divulgados pela Federal Aviation Administration (FAA) e outras fontes oficiais. 

A desaceleração, no entanto, não significa crise imediata. Para a Aircraft Owners and Pilots Association  (AOPA, na sigla em inglês), o ritmo atual reflete uma “normalização” e aproxima o setor dos níveis vistos antes da pandemia. Em 2024, por exemplo, 4.834 pilotos foram contratados — número considerado positivo em tempos regulares, embora distante do auge de 2022 e 2023, quando mais de 12 mil profissionais entraram na aviação comercial em apenas um ano.

A escassez ainda persiste no mercado

Segundo a FAA e dados consolidados pelo Bureau of Labor Statistics (BLS, na sigla em inglês), a aviação comercial norte-americana ainda enfrenta uma ausência significativa de pilotos. As aposentadorias em massa da geração boomers (nascidos após o fim da 2ª Guerra Mundial), somadas à lenta reposição de novos profissionais, mantêm a pressão sobre as companhias aéreas.

“A falta de profissionais qualificados ainda é uma preocupação estrutural para o futuro da aviação nos Estados Unidos, mas não é um problema restrito a esse setor. O país enfrenta um verdadeiro desafio de reposição de mão de obra em várias áreas estratégicas, resultado do envelhecimento da população e da chamada fuga de cérebros”, revela Leda Oliveira, especialista em imigração e CEO da AG Immigration.

O BLS projeta cerca de 18.500 vagas anuais para pilotos de linha aérea e comerciais nos próximos anos, número que engloba tanto o crescimento do setor quanto a necessidade de substituição por aposentadorias e transições de carreira. Já a Boeing prevê que serão necessários 123 mil novos pilotos apenas na América do Norte até 2042, dentro de uma demanda global de 674 mil profissionais.

Em termos práticos, os EUA precisarão de cerca de 8 mil novos pilotos por ano até 2030 para manter a malha aérea em funcionamento sem cortes.

Contratações em queda, mas em patamar saudável

O pico da contratação ocorreu em 2022 e 2023, quando mais de 12 mil novos pilotos foram contratados em apenas um ano – recorde para a indústria. Já em 2024, esse número caiu para 4.834 contratações, de acordo com relatórios setoriais como o da Downwind Beach House.

Embora a redução seja significativa, algumas empresas avaliam que o novo patamar representa uma “normalização saudável”: contratações nessa faixa (entre 4 mil e 6 mil por ano) estão alinhadas à demanda real do mercado. A AOPA destaca que, embora o ritmo tenha desacelerado, a indústria permanece em busca constante de talentos.

Salário de um piloto nos EUA 

De acordo com informações oficiais do Bureau of Labor Statistics levantadas pela AG Immigration, um piloto nos EUA pode ganhar, em média, US$ 198 mil por ano – o equivalente a R$ 1.083.218,40. O valor pode variar de acordo com o cargo ocupado.

Para efeito comparativo, em 2019, antes da pandemia e da onda de escassez, o salário médio anual de um piloto de linha aérea girava em torno de US$ 147 mil, de acordo com o BLS. Isso significa um crescimento de 34,7% em apenas cinco anos.

Além do salário base, as companhias oferecem bônus de contratação, benefícios estendidos e programas de progressão acelerada como forma de atrair e reter profissionais.

Visão do setor aéreo nos próximos anos

Embora o cenário atual seja de estabilização, o futuro próximo aponta para novos desequilíbrios. A FAA estima que mais de 16 mil pilotos se aposentarão até 2030, apenas dentro das grandes companhias. Essa onda de saídas deve reabrir uma lacuna preocupante caso o ritmo de formação não seja ampliado.

Escolas de aviação e programas de parcerias entre companhias aéreas e centros de treinamento vêm expandindo a capacidade de formação. Ainda assim, os custos elevados para obtenção das licenças (podendo superar US$ 80 mil) e o tempo necessário de acúmulo de horas de voo permanecem como barreiras para novos ingressos na carreira.

O mercado de pilotos nos EUA em 2025 pode ser descrito como estável, mas sob vigilância. Se o caos das contratações emergenciais ficou para trás, o setor agora enfrenta a necessidade de planejar o futuro diante de uma estrutura demográfica um pouco desfavorável.

Com salários em alta histórica, pacotes atrativos e projeções de demanda robusta, a profissão de piloto segue em evidência. Porém, os desafios de reposição e formação continuarão moldando a aviação norte-americana nos próximos anos.

Sobre a AG Immigration

AG Immigration é um dos principais escritórios de advocacia imigratória dos EUA, já tendo auxiliado cidadãos de 32 países a obter o green card americano. Foi fundada em 2019 pelos empresários Rodrigo Costa e Leda Oliveira que em 2023 receberam o título de “Immigration Law Trailblazer” da revista americana The National Law Journal. A AG Immigration tem sede em Washington, D.C., além de escritórios em Orlando, São Francisco, e Arizona. Mais informações: https://agimmigration.law/

Autora:

Letícia Victoria da Silva Pereira

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