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segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Primavera e alergias respiratórias: quando espirros podem ser sinal de alerta em crianças

Pediatra orienta como distinguir reações alérgicas de resfriados e gripes nesta época do ano.

Apesar dos dias ensolarados, a primavera representa um grande desafio para crianças que sofrem com alergias respiratórias. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 30% da população brasileira apresenta algum tipo de alergia, sendo que uma em cada cinco crianças é afetada. Entre as manifestações mais comuns está a rinite alérgica, que pode atingir de 30% a 40% da população e comprometer a qualidade de vida já nos primeiros anos de vida. Estudos apontam que aproximadamente 25% das crianças brasileiras convivem com sintomas de rinite, condição que tende a se intensificar nesta época do ano. O aumento da concentração de pólen no ar, aliado às mudanças climáticas e à poluição, favorece a piora de sintomas como espirros repetidos, coriza clara, nariz entupido, coceira, chiado no peito e falta de ar. A semelhança desses sinais com os de gripes e resfriados costuma confundir os pais e atrasar o diagnóstico adequado.

De acordo com a pediatra Dra. Fernanda Fragoso, especialista em saúde infantil do Prontobaby Hospital da Criança, há sinais importantes que ajudam pais e responsáveis a identificar a causa do desconforto das crianças.

“A alergia não causa febre, apresenta secreção clara e tende a ser persistente ou recorrente. Já o resfriado pode vir acompanhado de febre baixa, com secreção que muda de cor e melhora em até dez dias. A gripe, por sua vez, tem início súbito, febre alta, mal-estar intenso e tosse forte”, explica a médica.

Segundo a especialista, embora nem toda criança alérgica desenvolva doenças crônicas, aquelas com predisposição podem evoluir para quadros como a asma, em um processo chamado “marcha atópica”. Esse caminho costuma começar cedo, com dermatite atópica ou alergias alimentares, pode avançar para rinite alérgica na fase pré-escolar e, em idades maiores, aumentar o risco de asma.

“O acompanhamento precoce com pediatra ou alergista, aliado ao controle dos gatilhos ambientais, é essencial para reduzir a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida da criança”, destaca.

Entre os fatores que mais favorecem a piora dos sintomas estão a polinização intensa da primavera, a poluição e as variações bruscas de temperatura. Nesses períodos, não é raro que crianças alérgicas apresentem crises respiratórias e nasais mais severas, o que pode prejudicar o sono, afetar o desempenho escolar e até o convívio social.

“Quando os sintomas se tornam frequentes, é fundamental procurar atendimento médico especializado”, alerta Dra. Fernanda.

O tratamento na infância deve ser sempre individualizado, mas costuma incluir medidas de controle ambiental, medicamentos e, em alguns casos, imunoterapia. Entre as opções estão antialérgicos orais, sprays nasais à base de corticoides, colírios específicos e, para crianças asmáticas, broncodilatadores e corticóides inalados. Já nos casos persistentes, a imunoterapia — conhecida como “vacina para alergia” — pode reduzir os sintomas, diminuir a necessidade de medicamentos e até prevenir a evolução do quadro.

Por fim, a médica reforça a importância da prevenção no dia a dia: manter os ambientes limpos e ventilados, evitar exposição à fumaça e poluição, dar banho e trocar a roupa das crianças após atividades ao ar livre e seguir corretamente o tratamento prescrito.

“A primavera pode e deve ser uma estação de bem-estar e alegria para as crianças. Com diagnóstico precoce, acompanhamento regular e medidas simples de prevenção, é possível controlar os sintomas e evitar complicações futuras”, conclui a pediatra.

Autora:

Maria Marinho

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