18.3 C
São Paulo
segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Cinema: “Predador – Assassino de Assassinos”, Um Baile de Sangue e Gelo no Coliseu do Universo

Predador: Assassino de Assassinos é um espetáculo de guerra, sangue e mitologia onde a violência é entalhada em beleza plástica, uma tapeçaria de aço, segurança e plasma animado. Três almas cortadas do tempo, a viking Ursa, o samurai Kenji, o piloto Torres, são arrancados de suas eras como relíquias de carne e jogados numa arena específica, paramos diante de juízes impiedosos num coliseu de planetas.

O filme entende a força do mito: cada golpe é um eco ancestral, cada confronto, uma elegia pulsante como trovão. Na animação, luz e sombra dançam num balé mortífero, ora névoa silenciosa do Japão feudal, ora aurora nórdica lambida pelo sangue, ora explosões da II Guerra iluminando o rosto de um homem que só quer voltar para casa. Mas guerreiro nenhum retorna, só avança: pois o ciclo da caça, engrenagem sádica dos Yautja, é a lei suprema desse universo. “Predador” veste aqui sua coroa como lenda: o Grendel King, figura totem e pesadelo, revela trajetórias, códigos obscuros, uma aristocracia da brutalidade onde até monstros temem o olhar de cima. Ursa, presa entre a glória e o gelo, termina eternizada como estátua, mártir de si e troféu dos deuses imundos.

Kenji e Torres correm entre destroços lembranças, sombras rasgadas por espetáculos de dano e energia. E é justamente na estilização, sem excesso, que reside a poesia do filme – onde outros veriam só a matança, “Assassino de Assassinos” faz do abate um ritual, do choque um quadro digno de museu envolvido. A cada novo combate, sentimos o tempo congelar, esticar, destruir em fragmentos.

Não é apenas entretenimento, mas meditação sombria sobre o poder, o tempo e a futilidade heroica: que somos, senão presas no tabuleiro invisível de alguém mais forte, consumidos entre o aplauso e o esquecimento digital?

A experiência é ao mesmo tempo violenta e pulsante, heroica e melancólica. Disponível no Disney+, lançamento de 2025, o filme é alegria para os olhos amantes do grotesco sofisticado e chama a reflexão sobre os próprios demônios.

Nota: 8,5/10

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio