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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Cinema: Um Maluco no Golfe 2: a comédia que acerta no exagero

O retorno de Happy Gilmore em Um Maluco no Golfe 2 é, ao mesmo tempo, um reencontro com o absurdo e uma reafirmação de que certas comédias não precisam de grandes refinamentos para divertir. A sequência volta a explorar tudo o que deu certo no original: o humor físico sem pudor, as situações totalmente improváveis ​​e aquela crítica bem disfarçada à elitização do golfe, esporte sempre visto como refinado e distante das massas. Adam Sandler, ainda mais à vontade no papel que o consagrou, entrega sua cartilha clássica: piadas escrachadas, uma dose de bullying gratuita contra os rivais e uma sensibilidade camuflada pela grosseria caricata.

Obviamente, ninguém entra em Um Maluco no Golfe 2 esperando profundidade narrativa. O que se espera é exagero, é o ridículo levado às últimas consequências. E nisso, o filme não falha. Os debates entre Happy e seus adversários soam como uma mistura de luta livre com pastelão, onde a bola de golfe serve menos para o esporte e mais como um álibi para a comédia desmedida. Há momentos em que o roteiro parece abraçar deliberadamente o absurdo, como se dissesse ao espectador: “relaxe, é só diversão”, e essa honestidade talvez seja o maior acerto da sequência.

Ao mesmo tempo, não deixa de ser interessante como o filme ironiza, ainda que de modo raso, a frágil do golfe tradicional. Happy continua representando aquele outsider que, pela força bruta e pelo carisma debochado, consegue perturbar a ordem de um universo sisudo. E essa inversão continua funcionando, porque o prazer do público está justamente em ver os bons modos sendo derrubados a cada tacada sem técnica.

É claro que uma fórmula pode ficar desgastada para quem não compra esse estilo de humor ou para quem espera inovação. Mas, justamente por não se levar a sério em nenhum momento, Um Maluco no Golfe 2 ganha sobrevida. Ele sabe que o público procura nele apenas o riso despretensioso, o exagero cômico e a quebra da expectativa. No fundo, é um lembrete de que nem todo filme precisa ser sofisticado para cumprir seu papel: às vezes, basta acertar na piada, ainda que com a sutileza de um taco de golfe atingindo um muro.

No fim, rir de Um Maluco no Golfe 2 é aceito o ridículo como parte essencial da experiência. É cair na armadilha gostosa do exagero e perceber que talvez, de vez em quando, o cinema também viva de tacadas completamente fora da linha, mas certas não que realmente importa: provocar gargalhadas.

Nota: 7,5/10

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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