O retorno de Happy Gilmore em Um Maluco no Golfe 2 é, ao mesmo tempo, um reencontro com o absurdo e uma reafirmação de que certas comédias não precisam de grandes refinamentos para divertir. A sequência volta a explorar tudo o que deu certo no original: o humor físico sem pudor, as situações totalmente improváveis e aquela crítica bem disfarçada à elitização do golfe, esporte sempre visto como refinado e distante das massas. Adam Sandler, ainda mais à vontade no papel que o consagrou, entrega sua cartilha clássica: piadas escrachadas, uma dose de bullying gratuita contra os rivais e uma sensibilidade camuflada pela grosseria caricata.
Obviamente, ninguém entra em Um Maluco no Golfe 2 esperando profundidade narrativa. O que se espera é exagero, é o ridículo levado às últimas consequências. E nisso, o filme não falha. Os debates entre Happy e seus adversários soam como uma mistura de luta livre com pastelão, onde a bola de golfe serve menos para o esporte e mais como um álibi para a comédia desmedida. Há momentos em que o roteiro parece abraçar deliberadamente o absurdo, como se dissesse ao espectador: “relaxe, é só diversão”, e essa honestidade talvez seja o maior acerto da sequência.
Ao mesmo tempo, não deixa de ser interessante como o filme ironiza, ainda que de modo raso, a frágil do golfe tradicional. Happy continua representando aquele outsider que, pela força bruta e pelo carisma debochado, consegue perturbar a ordem de um universo sisudo. E essa inversão continua funcionando, porque o prazer do público está justamente em ver os bons modos sendo derrubados a cada tacada sem técnica.
É claro que uma fórmula pode ficar desgastada para quem não compra esse estilo de humor ou para quem espera inovação. Mas, justamente por não se levar a sério em nenhum momento, Um Maluco no Golfe 2 ganha sobrevida. Ele sabe que o público procura nele apenas o riso despretensioso, o exagero cômico e a quebra da expectativa. No fundo, é um lembrete de que nem todo filme precisa ser sofisticado para cumprir seu papel: às vezes, basta acertar na piada, ainda que com a sutileza de um taco de golfe atingindo um muro.
No fim, rir de Um Maluco no Golfe 2 é aceito o ridículo como parte essencial da experiência. É cair na armadilha gostosa do exagero e perceber que talvez, de vez em quando, o cinema também viva de tacadas completamente fora da linha, mas certas não que realmente importa: provocar gargalhadas.
Nota: 7,5/10